"The only people for me are the mad ones, the ones who are mad to live, mad to talk, mad to be saved, desirous of everything at the same time, the ones who never yawn or say a commonplace thing but burn, burn, burn like fabulous yellow roman candles exploding like spiders across the stars." J. Kerouac
terça-feira, 26 de janeiro de 2010
Nunca vi os Pulp ao vivo ... merda
Quando os Pulp lançaram isto, em 1994, os Pulp do Jarvis Cocker e da adolescência do meu irmão, que viria aliás a tornar-se, em parte, na minha, os Pulp das canções perfeitas para se ouvir sete, oito vezes seguidas e depois abandoná-las, virar as costas sem lhes sussurrar adeus, como à nossa amante, aquela com quem só nos reunimos para o melhor, e mais tarde regressar, quando os Pulp lançaram isto, dizia eu, talvez conhecesse o meu melhor amigo há quatro ou cinco semanas. O rapaz achava que ter-me por perto era a melhor coisa que lhe podia acontecer e, vai daí, escondeu que gostava do Benfica porque me sabia ferrenho - ui, intratável - do Sporting. Aguentou a personagem durante um ano – o mesmo em que gostámos sempre da mesma rapariga, uma e outra vez. Um dia esperámos por uma delas no portão das traseiras da escola, onde a mãe desta lhe costumava esperar num carro branco que na minha memória já não tem marca, e fizemos-lhe uma serenata à laia de UHF. Éramos três e havia outro miúdo apaixonado que ficou a ver tudo atrás de uma árvore, sem coragem de se juntar a nós. Partia tudo, a miúda. Escolhemos uma sexta-feira para no dia seguinte não termos de lhe mostrar o nosso rosto cor de sangue - o tempo mói a vergonha. Arriscámos um refrão quando ela passou e logo vimo-la desaparecer para dentro do carro branco como se fugisse da morte. Eu e ele, meu amigo antes e depois de se assumir como benfiquista, adepto de artes marciais que se exibia menos do que então gostava só porque eu nunca gostei demasiado de pavões, resistimos aos choques frontais causados por disputarmos a atenção das mesmas meninas e só fomos separados mais tarde, mais perto destes dias, pela distância. Só esta, sempre tão subtil a fazer aquilo que melhor sabe, deitou quase tudo a perder. Hoje já pouco nos liga; restam as canções, e os nossos cacos que nelas vivem.
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3 comentários:
hehe q bela história. ainda és rapaz pa uma serenata?
pra uma bem tolinha, evidente :)
´nostalgia bonita
mal sabe o jarvis
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