segunda-feira, 30 de abril de 2012

Bilbao Ocupada

Plaza Mouya

Atacar a estrada foi o que fizemos de nós,
E trinta horas quanto soubemos dar de nós.
Não nos faltava razões para ver o mundo.

Tivemos tempo p'ra lembrar o Iñigo.
Recebemos vénias, vénias vos digo.
Antes de cerrar os dentes e jogar.
Bonito foi ver tudo junto a cantar.

Coração apertado, golo do Athletic.
Deixámos arder, deixámos arder.
Empata o Sporting, parecíamos putos.
"Não temos aulas amanhã!"

Mas os bascos são feitos de algo mais.
Apertaram demais. Apertaram demais.
Ficou a carne para os chacais.

O tempo que passou, 
Passámo-lo sem medo. 
Mas o fim do dia chegou,
Tingido de negro.

quinta-feira, 19 de abril de 2012

Apparat

Hoje um colega meu entrevistou um músico brasileiro. Conversaram sobre a cena hip hop ("hipi ópi") local e mundial. A certa altura, a óbvia queixa - a discriminação que as referências  deste género sofrem na hora de ombrear com as do rock ou pop. Vem ao caso que sinto o mesmo relativamente à electrónica, mas a um nível interno. Porque raio a IDM (Intelligent Dance Music) não poderá ser a regra e o David Guetta a excepção? Ecos de céu como este aqui em baixo não chegam para meter 40.000 putos em êxtase no Sudoeste? Quem define o quê?

segunda-feira, 16 de abril de 2012

Tudo no seu devido lugar

A primeira coisa que fiz aos 29 anos foi, claro, perder o telemóvel. Diz muito de uma pessoa, isto que acabei de escrever. Há muitas razões para se perder o telemóvel. ‘Por tudo’ e ‘por nada’ são as minhas favoritas. Não necessariamente por esta ordem.
 
Gosto especialmente de perder telemóveis em taxis, e ter a exacta noção disso faz com que, hoje em dia, tenha desenvolvido um pequeno pânico quando faço sinal a um fogareiro e obtenho o assentimento para lhe invadir o Mercedes. Acreditem quando vos minto que há perigos à minha espera ali dentro. “Fala com o taxista, diz umas piadas, manda o governo à merda – ‘isto ‘tá mal’ -, mas, pá, não tires o telemóvel do bolso!” Claro que tudo é inútil. Não deixa de ter piada esta novíssima perda. Nas últimas semanas a minha família encheu-me os ouvidos para comprar um telemóvel novo e eu não tive negas a medir: “Esqueçam lá isso, gastar dinheiro por gastar? O que tenho chega bem”. Assim se prova, por a mais b, que os anos passam e sempre era verdade aquilo de que deves fazer o que os teus pais dizem.

terça-feira, 10 de abril de 2012

Muito fortes...



No estádio ficou a ideia óbvia de um domínio avassalador dos que vestiam a mais bela, a verde e branca. Uma festa bonita em Alvalade, como sempre deve ser o dérbi, para a qual o Sporting se vestiu a rigor e o adversário se esqueceu de aparecer. Eu cá fiz a minha parte: voei pela segunda circular de mota, com um amigo, depois do trabalho, e cheguei a tempo de uma cerveja antes do apito inicial. De volta a casa vi o resumo e confirmei a minha ideia, que pecou por defeito: o jogo foi de sentido único - a baliza protegida pelo sucessor do bom Roberto. As equipas só se igualaram mesmo nas queixas capitais. A saber: um penálti escamoteado para cada lado na primeira parte, sendo que no caso deles era logo no arranque do jogo e no do Sporting o Garay vinha para a rua também muito cedo. Ao Javi Garcia e ao Bruno César também foram poupadas as respectivas expulsões, mas tudo bem. Não fosse hoje noite de São Artur e em vez do 1-0 final tinha havido a reedição dos 7-1, sem favores, tal a forma como os encostámos às cordas. Só o lobo holandês metia três na rede. O Marat fazia o golo do ano. Até o miúdo Rubio podia ter molhado a sopa - bem, até molhou, mas em fora jogo. Fica o sabor doce de aviar o eterno rival com tamanha superioridade em todos os capítulos de jogo e o amargo das Paixões que nos impedem nesta altura de estar na luta pelo título. Resumindo: bom treino antes do Athletic Bilbao, embora menos exigente do que nos jogos com o Metalist e com a cereja no topo do bolo de ver o perna de pau sair de Alvalade de cabeça inchada. Nota: oitava vitória seguida em casa com um só golo sofrido desde que regressou o Ricardo Coração de Leão, agora para nos liderar. Aperta com eles, Sá Pinto!

segunda-feira, 2 de abril de 2012

Um Castelo na Escócia Music Awards 2011 - Discos preferidos (sou meio distraído)


O critério de escolha vai ficando cada vez mais apertado. Tem a ver, sobretudo, com o acto de repenicar. Se repenica, é bom; se repenica muito, melhor ainda. Ora, nisso do repenico, se tivesse paciência para tal, teria a dizer coisas de não pouco mérito do álbum "Both Ways Open Jaws", dos The Dø (prémio 'Queixo caído'); "Helplessness Blues", dos Fleet Foxes (prémio 'Beleza mais beleza não há'); "Skying", dos The Horrors (prémio 'Esta noite vou fazer merda') e "The Rip Tide", dos Beirut (prémio 'No meu tempo é que era'). Mas irresistível, irresistível, foi o "English Riviera", dos Metronomy, gente de inatacável pontualidade que vi em Coura há oito meses e que leva para casa o nobre prémio 'Mentira mais romântica do ano'. Gosto especialmente desta 'Trouble'.