segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

UCEMA 2009 - Canções da Década


Como na lista dos discos, também a das canções reúne tudo o que não tenha 2009 metido ao barulho. Essas entram noutras contas.

20. Bright Tomorrow, Fuck Buttons (2008)
Ruído gutural para meninos.

19. The Great Escape, Patrick Watson (2006)
O Patrick senta-se ao piano e o resto deixa de existir.

18. Bros, Panda Bear (2007)

Podia ser um belíssimo EP.

17. Do You Want To, Franz Ferdinand (2005)
Um descontrolo contagiante, talvez destacado no belíssimo repertório dos Franz por ser dos mais tolinhos descontrolos contagiantes. Há muitos e bons. Longa vida à Escócia.

16. The Greatest, Cat Power (2006)
A mulher mais bonita da música fez das músicas mais bonitas que conheço.

15. PJ Harvey & Thom Yorke, This Mess we’re In (2000)
Génio conhece génio e os dois fazem uma canção genial.

14. White Winter Hymnal, Fleet Foxes (2008)
Música de lareira, veste a época e é de uma beleza fantasmagórica – o medo atrai.

13. Crane Wife 3, The Decemberists (2006)
Adorável.

12. Me & Mr. Jones, Amy Whinehouse (2006)
Damn sexy music.

11. Behind the Yashmark, Esbjörn Svensson Trio (2002)
A melhor peça de jazz que ouvi de uma banda que lamentavelmente já não poderemos ver ao vivo, uma vez que o líder morreu este ano, imaginem, a fazer mergulho.

10. Elephant Gun, Beirut (2007)



Celebração à vida.

9. Haiti, Arcade Fire (2004)



Magia.

8. How to Disappear Completely, Radiohead (2000)



Rendo-me, enfim, à bandeira da obra, ainda não consigo é dizer o mesmo da obra - Kid A.

7. Fireworks, Animal Collective (2007)



Como quase tudo aquilo em que o Noah Lennox se mete, primeiro estranha-se, depois faz parte de nós, é a banda sonora de tantos dias. A sensação com que se fica é a de que, quando terminaram esta faixa, os Animal Collective eram uma banda feliz.

6. Blind, Hercules and Love Affair (2008)



Hino dançável da década.

5. Pogo, Digitalism (2007)



Ups, este é que é (o vídeo é que não).

4. The Past is a Grotesc Animal, Of Montreal (2007)



Encomendei um livro vagamente erótico directamente de França por causa disto – 'nough said. Pena é que o YouTube não deixe ouvir tudo, bah.

3. Magick, Klaxons (2007)



O irresistível caos (o vídeo também, não tenho culpa e aliás chove tudo lá fora neste domingo que já não é).

2. Maps, Yeah Yeah Yeahs (2003)



A balada da década, vinda de um trio que até aí nunca tinha tocado a menos de 300 à hora.

1. Last Nite, The Strokes (2001)



Laaaaaaaaaaast niiiiiight!!

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

UCEMA 2009 - Discos da Década


É um trabalho sujo, mas alguém tem de o fazer: arrumar o que de melhor se fez e partir de vez para 2010. O Castelo começa pelos discos da década, onde não entram os álbuns deste ano - esses ainda não tiveram tempo que chegue a maturar no refogado, há que lhes tirar bem o gostinho antes de andar para aqui a fazer comparações tontas com trabalhos já lendários. Os de 2009 vão ficar juntinhos com os de 2009, numa lista que há de chegar.

20. The Reminder, Feist (2007)
19. Silent Alarm, Bloc Party (2005)
18. In Rainbows, Radiohead (2007)
17. In Ghost Colours, Cut Copy (2008)
16. American Idiot, Green Day (2004)
15. You & Me, The Walkmen (2008)
14. Stories from the City, Stories from the Sea, PJH (2000)
13. Person Pitch, Panda Bear (2007)
12. Strange Place for Snow, Esbjörn Svensson Trio (2002)
11. Show Your Bones, Yeah Yeah Yeahs (2006)

10. Whatever People Say I Am, That’s What I’m Not, Arctic Monkeys (2006)


Pós-punk made in England em diálogo com as suas raízes. O primeiro grande petardo a rebentar caído da geração My Space. God Save the Arctic Monkeys.

9. Strawberry Jam, Animal Collective (2007)


Se um mérito pode, com algum consenso, ser concedido aos Animal Collective, é o de se terem apropriado de um som – electrónica, ruido, rock e folk ao molho e fé neles mesmos - que não existia, e dele fazerem a sua adorável e esquisitinha bandeira. Olá, eu sou o Paco Bandeira e escrevo no Castelo sobre música.

8. Franz Ferdinand, Franz Ferdinand (2004)


Ainda me lembro da primeira vez que ouvi isto: foi no quarto ao lado do meu, na segunda casa para onde fui morar em Lisboa, esta, onde então também dormia o Hugo, de Gondomar, que ressonava como um urso. (Esta faceta esteve devidamente documentada em telemóvel durante alguns meses, até que, numa noite de nevoeiro denso, mergulhei o bom do bicho electrónico no meu copo de cerveja). Sempre achei pobrezito o som que as discotecas me ofereciam quando comecei a sair à noite, e agora percebo que era este funk-rock que então queria ouvir. Não sei se será o melhor álbum da década, mas anda lá perto, e é muito provavelmente o mais dançável.

7. Sound of Silver Advance, LCD Soundsystem (2007)


Cada canção é um triunfo na pista de dança, e nunca me esquecerei de ter lido algures que o James Murphy - sábio conhecedor da disco e do funk dos anos 70 e 80 - nunca deu um concerto sóbrio, o que perfaz o elogio do álcool de uma forma que me leva as palavras.

6. Vampire Weekend, Vampire Weekend (2008)


Escrevem sobre arquitectos franceses do século XVII e têm canções cujo título se chama Campus, mas, de alguma forma, a musicalidade destes meninos que se formaram em quaquer coisa na Universidade de Columbia, em Nova Iorque, tem alma que chegue para rapidamente esquecermos o que parece e devorarmos o que é: pop africana, música tradicional irlandesa, punk-rock de etiqueta – tudo aqui é fusão do bom e do melhor.

5. Back to Black, Amy Winehouse (2006)


Aretha, céus!, que pálida! (Toda a novela patética sobre a vida dela fora dos palcos – e depois dentro, lamentavelmente – que se seguiu, à parte).

4. Gulag Orkestar, Beirut (2006)


Um puto norte-americano do Novo México viaja pelo Velho Continente aos 17 anos e antes dos 20 encerra-se num quarto, para compor um álbum de música popular dos Balcãs. Ah!, sozinho. É tão genial como assim de repente parece e sempre que o oiço fico com vontade de que o meu nome acabe em ic.

3. Is This It, The Strokes (2001)


São de Nova Iorque e salvaram o rock logo após o pesado virar do milénio. Simples, directo e diabolicamente bom. Assim mesmo, sem anestesia. Eles apareceram e quem ambicionava fazer rock independente seguiu-lhes o passo.

2. Myths of the Near Future, Klaxons (2007)



A espera pelo sucessor de Myths of the Near Future é cruel. Editá-lo, depois de uma obra de estreia visionária, lunática, incendiária, capaz de agarrar no punk e embarcá-lo numa viagem electrónica vertiginosa, com abismo anunciado a cada acorde, não deverá ser menos.

1. Funeral, Arcade Fire (2004)


A música sempre foi uma coisa subjectiva, mas depois há o disco de estreia dos Arcade Fire.

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

O concerto de uma vida deverá ser qualquer coisa como isto

Dizer que o Patrick Watson saltou com a banda para o meio do público só é novidade para quem não o conhece. Palco frio, plateia quente. Que a luz tenha falhado três vezes no concerto de encerramento de um festival de música é que já será notícia. E juro a pés juntinhos (suster a respiração): quando isso aconteceu, ele e os outros três músicos, como se nada fosse, como se em causa não estivesse a derradeira imagem após uma longa digressão europeia, como se não tivessem motivos para querer bater em alguém, como se o São Jorge fosse um parque de diversões, estacionaram ali ao nosso lado para fazer a festa - ou, mais precisamente, juntinho da P., que o ama, e do N., que sente o mesmo e aliás fazia anos. A sala maior do São Jorge a pingar devotos pelas costuras e eles estacionaram ali, ao nosso lado, no aniversário do N., que o ama, para uma serenata às escuras. (O brilho aguado no olhar de quantos ali estávamos bastaria para iluminar dois ou três latifúndios). Espero desde sábado por um vídeo que já não tenho grande esperança em ver chegar. Algo que documente o que as palavras só caricaturam. Estas já tiveram espaço que chegue - na memória de quem conserva a pulseira do Super Bock em Stock viverá o resto.

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

no rules, grrrreat band

o sr. kapranos não se cansou de dizer que amava lisboa, o que tem a sua graça: lisboa sente precisamente o mesmo mas só na quarta-feira é que arranjaram um encontro a dois, e a foto é da Rita Carmo, pois claro

Passavam 15 minutos da hora marcada quando se ouviram os primeiros assobios, logo silenciados por um coro de aplausos dionisíacos. Será que isto é uma espécie de estádio de Alvalade?, pensei, ou que os Franz Ferdinand vão fazer de Paulo Bento quando subirem ao palco, logo na primeira vez que tocam por aqui em nome próprio, que também é a primeira em que os vejo ao vivo? Outros 15 minutos em cima dos primeiros e a coisa repete-se. Pontualidade britânica só no cinema.

Evidência: não mereço o blogue que tenho, ou o título daquele, que vai dar ao mesmo. Perdoa-me, Escócia.

Ah!, ei-los!, para cima de meia hora depois.

Arranca o concerto.

No you Girls logo na entrada fez-me comichão. Não dava para esperar um pouco mais, deixar a temperatura subir até, digamos, ao insuportável? Eh!, expressei, quando de seguida entraram os primeiros acordes da Dark of the Matinée. Em vão passei as horas anteriores ao concerto a tentar imaginar uma forma de saltar para a plateia, uma vez que o meu bilhete era de bancada, e, agora, ali, no meio dos sentados, no meio dos bem vestidos e comportados, dos bonitinhos e penteados, parecia a Elaine do Seinfeld quando dançou no jantar da empresa, perante o horror de quem assistia.

Mais uma e depois a pergunta-chave: Well Do Ya, Do Ya Do Ya Wanna? – claro que quero, quero muito, quero tanto, quero tudo. Mas havia arame farpado a dividir plateia e bancada. (Se não for farpado é só arame, e se não for arame é qualquer coisa que, a par dos seguranças a arfar com as órbitas muito abertas, atentos como felinos antes de atacarem as suas presas na calada da noite, fez-me pensar duas vezes antes de saltar para a confusão, e todos sabemos o mal que faz isso de pensar, quanto mais duas vezes).

A companhia também recuperava de uma fuga recente aos bichos A. Fiquemos então pelo plano B, de bancada, que não é mau de todo – podiamos sempre estar em casa a escrever sobre aquilo que os outros fazem, ao invés de sermos nós a fazê-lo, para depois o escrever.

Twilight Omens, This Fire. Numa prova de que o mundo é redondo e perfeito, um senhor com óculos de ciclista e mosca pediu-me, de perna traçada e um humor de cão sem dono, para me sentar, por favor, gostaria de assistir ao espectáculo. Isto porque, imagine-se, ousei manter-me em pé e esticar os ossos de forma nervosa, como me é habitual quando a música os agrada. Virei-me e saquei da minha retórica mais chocada: quer que eu me sente na This Fire?!? Eh!, pensei, fuzilando-o com os, portanto, olhos, enquanto sacudia ainda mais os ossos feito demente. Com cara de poucos amigos ficou o senhor com mosca e óculos de ciclista, ou o ciclista com óculos de mosca, ou os óculos com mosca de ciclista, ou a mosca com um ciclista de óculos. O pagode seguiu rumo com mais dois bolinhos de côco até que a Take me Out recebeu o que a This Fire, abordada num estilo muito cru, muito rock n’ roll, muito aquilo que o vibrante quarteto de Glasgow é ao vivo, muito mais do que em estúdio, merecia: uma tocha que incendiasse o Campo Pequeno. O rapaz em questão estava a pedi-las – Take me Out – e o segurança fez-lhe a vontade mais cedo do que tarde. Já falam de ti na blogosfera moço, e esse momento de fama terá sempre mais de 15 minutos. É já depois da Ulysses que oito mãos desatam à pancada com pratos e tambores. Outsiders como a banda sonora de um rito medieval: a malta curte à brava e ninguém arde ao meio, tudo boas notícias.

O encore traz a bonitinha Walk Away em registo balada, Michael e, antes da pedra que é e foi Lucid Dreams, um momento importante da noite. Eh lá, isto soa a LCD Soundystem, desabafei comigo mesmo. Pois, soa porque é, respondi-me. All My Friends, era no Campo Pequeno que os queria na chuvosa noite de quarta-feira.

E entre nuvens de substâncias para rir e afins se esfumou um concerto de quase duas horas, guitarra, baixo, sintetizador, vozes, tudo junto, petebum petebum petebum bateria, oberigadou Lisboa!

outsiders.



walk Away.

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Parte favorita do ok computer: 0:00 – 53:27

Por um conjunto de razões que não cabe num tirinho pensado, este disco teria sempre de ser aquilo que é: maior do que a vida. Um dia destes ganha asas.