sexta-feira, 30 de julho de 2010

Se te disser e fizer as coisas certas, provavelmente não gostarei de ti como gostarias que gostasse

Nunca soube lidar com as miúdas de quem gosto. Não foram muitas, também. Com as outras, as de ocasião, saco das cartas certas assim o momento exija. Faço bluff agora, jogo o ás de trunfo depois. É confortável. Corre bem. É um descanso.

Fitter, happier, more productive,
comfortable,
not drinking too much,
regular exercise at the gym
(3 days a week).


Com as outras, as que de facto me interessam – como aliás se pode atestar pelo maior peso da reflexão que a estas vou dedicar, por oposição às primeiras -, sou um desastre. Com as miúdas que me interessam geralmente penso, atrapalho-me e dou por mim a inventar um número para sair de cena com alguma dignidade. (Esta parte até nem costuma correr muito mal). Por vezes penso em não pensar mas depois vem-me ao pensamento que já é tarde demais. Com as miúdas que me interessam sinto o coração acelerar à velocidade com que perco a graça.

Tipo o Pantani na montanha,




ou o Bud Powell ao piano.



Com as miúdas que de facto me interessam sou dramático e sensível. O meu filme favorito deixa de ser a Laranja Mecânica ou o Voando Sobre um Ninho de Cucos e vejo-me a entrar de dedos entrelaçados com a minha amada numa daquelas comédias românticas com pouco romance e menos comédia. Aquelas que passam na televisão ao domingo à tarde, que se nos agarram à pele com visco. Já sabemos: no limite haverá ali um beijo guardado para a penúltima cena, antes de aparecer um separador com a indicação “five years later...” e surgirem várias famílias a confraternizar num barbecue sem álcool, com o plano depois a fechar na cumplicidade do enternecedor casal principal, que já tem dois filhos extremamente rebeldes no sentido católico do termo, e todos comem e sorriem no melhor dos sonhos americanos possíveis com as caçadeiras de cano duplo a arfar à entrada do alpendre. Esses filmes. Com as miúdas que realmente me interessam sou tão foleiro quanto possível e posso facilmente tornar uma canção charmosa do Sinatra num bicharoco que faria corar de orgulho a dupla romântica Miguel e André, ou Miguel & André, ou aqueles caramelos que um dia abandonaram a caixa do mini preço e se lembraram de partilhar connosco diversos temas de admirável calibre como ‘Falar de Amor (Eu preciso)’, ‘Eu Sempre te Amei’ ou ‘Toda a Vida para te Amar’. Já aconteceu. Às miúdas de quem realmente gosto nem eu me recomendava.

terça-feira, 27 de julho de 2010

três rapidinhas

estes dias de 40 graus derretem-me as estruturas e portanto tem-me dado para ouvir a 'Suffocation' dos Def Leppard, perdão, do mais recente disco dos Against Me!,



ver repetidamente como a poesia no chile é um posto,



e recordar a dupla comprador-vendedor mais convincente de sempre.

segunda-feira, 26 de julho de 2010

lupa em cima deles


Acabaram os jogos a feijões. A partir de quinta-feira é a doer. Contra os dinamarqueses do nome impronunciável. Coisa para agoirar: a última vez que não consegui decorar o nome de um adversário do Sporting foi com o engenheiro Santos, há sete anos, e então levámos três pontapés no rabo de uma equipa turca. Em Alvalade. Eu estava lá. Bêbado. Tenho bom beber. Foi a minha sorte. E a daquela malta ali à volta. Correram-nos da Europa. Não se repetirá. Este ano, primeira novidade, os jogos a feijões não foram encarados a feijões, pelo menos aqueles que se seguiram à feijoada com a qual o PSG se empaturrou à nossa custa. Saldo após dez jogos no espaço de um mês: cinco vitórias, quatro empates e uma derrota. Podia e já foi (muito) pior.

(Isso de ter perdido nos penáltis com o Celtic não conta – foi empate).

Colectivamente, já se vêem ideias. Pelos dois médios de contenção passará tudo - na direcção da baliza dos outros, espera-se -, e percebe-se porquê quando o Pedro Mendes ou o Maniche tocam na bola. Presumo que o veloso saia. Mais cedo do que tarde estará a vestir vermelho ou azul. É o percurso natural da nossa xavalada, o processo evolutivo mais em voga. Também não tenho visto demasiado pontapé para a frente. O Polga e o Tonel vão sofrer. Dá-lhes cabo do juízo Paulo Sérgio!

Nas laterais fomos a Braga buscar gente capaz. Um veio em Janeiro, outro há umas semanas. São ambos demasiados bons para não exporem os respectivos suplentes e anteriores titulares à sua mais inútil insignificância. É um trabalho sujo comparar o João Pereira e o Evaldo ao Abel e ao Grimi. Compreendo-o. Mas alguém tem de o fazer.

Estava a falar do plano defensivo, mas eles atacam que se fartam. Mais à frente temos um rapaz chamado yannick que muito corre e pouco joga, mas de quando em vez mete a bola dentro da baliza certa e por isso é cobiçado por clubes de nomeada, dispostos a dar milhões por ele. O futebol é um lugar estranho.

Do chile, há um ano, chegou um craque adiado. Espera-se que dê certo este ano; com apenas semanas de casa anda lá outro que antes de pontapear uma bola de verde e branco já era um Angulo com sotaque mais cantado e de repente ei-lo a levar tudo à frente e a fazer golos em aventuras solitárias. A ala esquerda é do Valdés e já ninguém se vai lembrar do joelho do Izmailov.

Sobre o puto salomão há coisas giras a apontar, mas não se espera demasiado. Mais que o pereirinha, talvez, na certeza de que há ali ousadia, capacidade no um-para-um e pinta de rufia ao invés do rapaz que podia muito bem ser o-neto-que-vai-para-casa-da-avó-a-seguir-aos-jogos-comer-bicoitos-e-sorver-cafézinho-com-leitinho.

Sobre coisas boas estamos conversados. Agora as más.

O centro. Jesus, Maria, José - aquele centro. Do ataque, onde o Liedson já é mais problema que solução; da defesa, onde apenas um de cinco tem qualidade inegável para ser titular, e, já agora, da baliza. Ver ali o rapaz Patrício é uma aflição. Ouvi-lo também. Nada se aproveita.

Ah!, antes que me vá encostar, tenho gostado do postiga. Muito. Parece motivado, confiante e disposto a ser importante. É muito estranho escrever isto.

Os dinamarqueses que se cuidem.

terça-feira, 13 de julho de 2010

O melhorzinho do (meu) Alive!10


Para 2011 quero os Radiohead, uma tenda Super Bock maior e o Sporting campeão, se não for pedir muito.

Devendra Banhart

O bicho cortou o cabelo e já parece deste mundo. A música dele também, o que poderia não soar exactamente a elogio, mas acaba por ser. Isto se, para tal, tiver a coolness de fazer uma cover da não mui indie ‘Tell it to my heart’, da Taylor Dayne, dedicando-a à mãe. Há muita coisa na dita música alternativa que tem tudo menos de prioritária, talvez o Devendra tenha percebido isso. No te calles rapaz.

Florence and the Machine

Além de certamente ser responsável pelo fim de muitos casamentos sólidos, apenas por existir, esta miúda – 23 anos, ridículo - faz tudo certo em palco. Irresistíveis, as canções dela já nasceram para ser um triunfo ao vivo, com os coros do tamanho da vida e os repetidos ó-ó-óoos, mas sendo a ana dos cabelos ruivos versão supermodelo com voz de fada a cantá-las tudo ganha uma outra dimensão. Nesta música, dividida por dois vídeos, a malta perdeu de tal forma o controlo numa fase inicial que, deixando-se levar, criou e mutilou uma sequência de palmas em meio minuto. Dá para ver no primeiro vídeo que a própria Florence teve dificuldade em ligar a letra ao ritmo. Mas o que se perdeu em controlo ganhou-se em felicidade bruta, e, no fim do dia, é para isso que cá estamos. Por isso deixo aqui o segundo vídeo. Hora para levantar voo: 1m48s.



The Maccabees

Vá, é um bocadito fácil elogiares uma banda que entra em palco duas horas depois de teres entrevistado o vocalista - um moço sete estrelas, ainda por cima, que te oferece uma cerveja antes de carregares no rec e de seguida te convida para o acompanhares a ver os Hurts, como se fossem amigalhaços de sempre, o orlando weeks e tu, que depois chamas uma amiga tua, igualmente fã dele, e os três falam e tiram fotos, tudo normal, tudo fixe, e depois ficam os dois que já se conheciam porque o artista se despede com um até breve como quem nem gostaria que assim tivesse de ser. Mas quem conhece os Maccabees sabe do que eles são capazes, e por isso não há cá favores. Perto de mim, a meio do concerto, entusiasmado, um rapaz perguntou-me: ‘estes são espanhóis, certo?’. Respondi: ‘de londres, são de londres’. O amigo dele já lhe tinha dado um toque para correrem rumo ao palco Optimus, a 30 quilómetros deste onde estávamos, do Super Bock. Tocavam na outra ponta do recinto os Biffy Clyro. Acabou por ir sozinho.



Pearl Jam

Mesmo com o Eddie na fossa, agarrado a uma garrafa de vinho durante o concerto, mesmo a dar música quando pediu aos surfistas que apanhassem uma onda por ele assim que pudessem, pois de manhã já estaria a cruzar o Atlântico rumo a Seattle, rumo a casa, três semanas depois, e não poderia apanhá-las ele próprio, mas horas depois apanhou-as mesmo, pelos vistos na Ericeira, deixando-se fotografar, foi uma experiência que me tornou pequeno o peito, mais uma coisa resolvida no meu tempo. Cantar a Black entre 45 mil, uff..



LCD Soundsystem

Deus existe: tem 40 anos, barba cerrada e sabe tudo sobre isso de soltar o diabo nas pessoas quando tal se justifica. É um bom Deus e merece a caixa alta. Pena que não tenha ficado em palco até de manhã.

terça-feira, 6 de julho de 2010

‘… isn’t this where we came in?’


Vem aí o roger. Março de 2011. Nove meses. Duas noites. Tudo o resto se tornará irrelevante. Do lado de cá será vê-lo a erguer e destruir um muro. Do lado de cá os mais diversos tipos de heróis a chorar por dentro ou por fora e de preferência ambos durante uma jornada que desejariam sem regresso. Do lado de cá os que gostam pouco, muito ou demasiado, unidos na certeza de que isto não voltará a acontecer. Diante de nós o desenhar de um círculo perfeito, irrepetível, como me lembrava há dias um amigo, alarmado por me saber ainda sem bilhete na mão. Mas isso era há uma semana.

sábado, 3 de julho de 2010

gestão à porto

o demente bem que avisou,


mas a esta nem o professor bambo chegava...

sexta-feira, 2 de julho de 2010

girls wanna rock



Ninguém no seu perfeito juízo pensará que as meninas electrelane se inspiraram ferozmente na linha de guitarra do kids wanna rock do bryan adams para compor este tema do mui recomendável disco the power out, que é de 2004 mas nada tem a ver com os arcade fire - quer dizer, não seria cool isso de andarem a ouvir o senhor adams, elas gostavam de citar nietzsche e o senhor adams passou a carreira a dizer que ia correr para as miúdas, que fazia tudo por elas e então vá, que lhe perdoassem qualquer coisinha. Que estou eu para aqui a insinuar, seria impossível, eh!