segunda-feira, 9 de dezembro de 2019

The Walkmen. Tivoli. 2008.


Parecendo que não, só em 2007 passei a viver intensamente a rota dos concertos e festivais.

Quer dizer, já ouvia muita coisa desde puto e tinha visto algumas coisas ao vivo, mas não propriamente para ouvir música como prioridade, se é que me faço entender. Em 2004 andei pelo Sudoeste a tropeçar nos outros em Fatboy Slim, o que de certa maneira estava certo, porque também os outros tropeçavam em mim, e parece que antes disso houve Underworld. 

Ben Harper não vi porque saí do recinto à procura não sei de quê e não me deixaram reentrar durante todo o concerto. Do cartaz desse dia também fizeram parte os Humanos. Ouvi-os no parque de estacionamento do recinto, enquanto fazíamos os piqueniques que se fazem à entrada dos festivais, ganhando ânimo para noites sem fim com um certo tipo de combustível que lá dentro não se encontra. No ano seguinte estreei-me no Super Bock Super Rock. Vi Pixies, Lenny Kravitz, Massive Attack e Fatboy Slim. Recordo que o Black Francis praticamente não abriu a boca sem ser para cantar, e de estranhar que assim fosse no tempo em que achava que as bandas e os artistas precisavam de interagir com o público para que um qualquer concerto fosse memorável. 

Recordo também os improvisos funk intermináveis da banda do Lenny Kravitz, os caminhos misteriosos, irresistíveis, pelos quais os Massive Attack nos levaram, e a fúria de viver que se nos dá aqui e agora, em Fatboy Slim. Apesar de andar tudo por ali aos saltos, já tropecei menos nos outros, e, coincidência ou não, também os outros tropeçaram menos em mim.

Nesse tempo só tinha dinheiro para pagar bilhetes de festivais de um dia, e no ano seguinte escolhi um dia particularmente frenético, com System of a Down e Prodigy ao barulho. Muito barulho. Do bom. Particularmente falando dos System of a Down, que à data ouvia muito, durante dois anos pude finalmente falar de um concerto, aquele, como o concerto da minha vida. Mas no ano seguinte vi os Arcade Fire, novamente no SBSR, e, num ápice, esfumou-se-me a memória desse concerto dos System e todos os outros. A minha vida mudava de alto a baixo. Era uma revelação.

Inevitavelmente, o momento transformador foi o refrão da Wake Up, corações e mãos ao alto, o nosso coração estava naquela família de canadianos que fazia música com força de religião, ninguém se aguentava e as lágrimas escorriam pelo rosto dos fiéis, que cantando, bebiam-nas. Comigo não foi diferente: tornei-me num desses fiéis ali mesmo. Irreversível.

Foi por essa altura que mergulhei profundamente no mundo encantado da música, com vontade de conhecer e compreender todas as coisas, de as ouvir, ver e achar maravilhosas, que muitas vezes o amor parte da vontade de amar. 

Era o verão de 2007. Estava a despedir-me da vida boa de universitário e em breve entraria no mundo do trabalho. Mas foi em 2008, já a trabalhar, que desatei à descoberta de tudo o que mexia em Lisboa, desde pequenos concertos na FNAC; a jam sessions de jazz e blues no Bairro Alto e arredores; passando por concertos e festivais de música. Tirar para mim a melhor fatia de Lisboa e gozar o prato. Em novembro já trabalhava no Destak, e poucos dias depois fui ao Super Bock em Stock, na Avenida da Liberdade.

Entre muitas outras coisas maravilhosas, vi The Walkmen no Tivoli. Foi empolgante, tremendo, de arrepiar. Ao meu lado estava o meu camarada Chirola, e ali perto, bem juntinho ao palco, estava a Patrícia, minha chefe de fresco. Os Walkmen estavam a apresentar o quarto disco deles, You and Me, e, na verdade, pouco os conhecia, excepto uma ou outra música. Lembro-me de, assoberbado com um embrulho musical tão belo e, a cada música, sempre selvagem - a balada também se grita quando não podem sair a contas-gotas emoções que têm de jorrar -, virar a cara à procura da Patrícia na segunda ou terceira música. Quando  a Patrícia me viu, nas filas da frente daquele "êxtase coletivo", como mais tarde lhe chamou na reportagem que escreveu, atirei-lhe uns olhos abertos de espanto, ou gosto de pensar que assim o fiz, que memória guardada é muitas vezes memória construída. E a Patrícia sorriu, genuína, com a certeza e a alegria de saber ser um privilégio poder estar ali.

Há dias, do nada, entrou uma das músicas desse disco num episódio da série Breaking Bad, a Red Moon. Senti o meu compasso cardíaco descontrolar-se por alguns instantes, o peito a apertar e voltei àquela noite de novembro de 2008, novamente com pele de galinha, de novo a começar no Destak e no jornalismo, a começar a viver intensamente todo o roteiro dos concertos e festivais, à procura de tudo, e tudo era pouco. 

Que saudades de ouvir The Walkmen.

quinta-feira, 8 de agosto de 2019

Mad indeed


Ontem esta música caía-me de uma forma meio assombrada, não tinha vivido o suficiente para verdadeiramente a compreender. Mas com o passar dos anos já percebo que não é para todos - foi rendilhada, pelo menos nesta versão para lá de perfeita da original dos Tears for Fears, para ser compreendida apenas depois de passarmos por algumas coisas na vida.

Hoje a conversa é outra e compreendo que há sempre pelo menos um dia da semana para parar 1 minuto, respirar fundo, olhar em volta e tentar perceber onde ficámos depois de atravessar tantos solavancos.

Espreitar para dentro e perceber se ainda estamos inteiros antes de darmos o próximo passo, porque isto está feito para continuarmos.

Há sempre pelo menos 1 dia da semana para ouvir Gary Jules.

segunda-feira, 22 de julho de 2019

A uma semana de Paris, um Tour imenso


Se algum entendido do ciclismo dissesse em voz alta, no arranque deste Tour, que ao fim de 15 dias o líder da geral seria Julian Alaphilippe, com 1m35s de vantagem sobre o campeão em título Geraint Thomas, tal seria motivo de chacota generalizada. Como assim, Alaphilippe ganhar o Tour, se não tem equipa para o defender na montanha, nunca se preparou para uma corrida de três semanas e está a correr ao mais alto nível de forma quase ininterrupta desde janeiro? Como assim, ter pernas para isso? Como assim, vencer o comboio da Ineos?

Pessoalmente, escrevi durante a 6.ª etapa, nos posts da Eurosport no Facebook, que ele andava a desdenhar em público o que realmente queria, mostrando-o na estrada: aproveitar uma edição rara, sem qualquer bicho papão (Froome de fora; o próprio Domoulin também), sem claro favorito, para cavalgar nos seus extraordinários feitos desta temporada e, enquanto número 1 mundial, lançar-se ao ataque.

O que é certo é que o tempo que o pequeno mago da QuickSetp ganhou na média montanha e no incrível contrarrelógio de Pau, 1m30s, continua ser o mesmo que tem de conforto, volvidas duas etapas de alta montanha seguidas. O que ganhou no Tourmalet perdeu ontem: 30 segundos.

Claro que podemos ver o copo assim, meio cheio, ou então podemos olhar para a primeira quebra de Alaphilippe como a inevitável consequência de não se ter preparado para ganhar uma corrida de três semanas – algo que 99,9% dos críticos e aficionados vêm anunciando. Não é se Alaphilippe vai explodir na alta montanha, «apanhar» meia hora e desaparecer do primeiro lugar para os confins da geral individual, mas quando.

O copo meio cheio; o copo meio vazio. Percebe-se que o dia de descanso foi o gongo que por agora salvou Alaphilippe, que cometeu o erro, assim o dizem, de tentar seguir Pinot quando este se lançou ao ataque na subida final de ontem. Mas terá mesmo cometido um erro quando tentou ir atrás do compatriota? É suposto que o líder da geral não reaja a ataques dos seus rivais? E se atacarem todos?

Pinot, por exemplo, está a 1m50s e parece o favorito à vitória final, algo que os franceses desconhecem desde o triunfo de Hinault em 1984. Se o homem da FDJ atacar todos os dias, como pelos vistos fará, e Alaphalippe deixar-se ficar nas três duríssimas etapas dos Alpes que restam, o rei da montanha do Tour em 2018 acabará por perder a amarela na mesma. Mais vale tentar e falhar espetacularmente do que nunca saber se a felicidade seria possível, digo eu. Seja como for, a narrativa deste Tour é já de uma riqueza cinematográfica ilimitada, e a Alaphilippe já não poderá deixar de ser entregue o papel principal, ganhe o Tour ou não.

domingo, 14 de julho de 2019

Alaphillipe e Pinot sambando na cara das inimigas


Atacar. Sem especulação. Sem cinismo. Sem medo. Atacar para ganhar, ganhe-se ou não. Ainda há quem nos lembre que o desporto é mais desporto assim.

segunda-feira, 8 de julho de 2019

Sporting 19/20 pré-estágio: o que sabemos e o que podemos esperar

Plantel pré-estágio: 31 jogadores + 3



Guarda-redes


RenanTitular, mas este ano não pode dormir na parada.
Max Será a sombra do Renan. E se agarrar a titularidade, por algum motivo, talvez já não a largue. Ser o dono da baliza do Sporting é uma questão de tempo, restar saber quanto.
Diogo SousaSerá o redes dos sub-23 e o terceiro da primeira equipa.


Defesas



Ristovski – Vai perder a titularidade. Será aposta nas taças e fará balneário. Não me chocava se saísse.
Rosier – Se a condição física o permitir, a lateral direita é dele.
Thierry Correia – Se Ristovski ficar, seria boa ideia emprestá-lo a um clube da Liga.
Ivanildo – Ou ele ou Ilori.
Ilori – Ou ele ou Ivanildo.
Coates – Confiança no general. Um pilar na equipa e no balneário.
Luís Neto – Será um dos quatros centrais.
Mathieu – Dono e senhor do universo.
Borja – Titular na lateral esquerda.
Abdu Conté – Deve ficar como lateral esquerdo suplente, mas no fundo será a terceira opção (Acuña é a segunda).


Médios



Doumbia – É o ano da explosão. Como 6 ou 8: eis a questão.
Eduardo – Quero acreditar que esta contratação está para o Sporting como a do Danilo esteve para o Porto.
Battaglia – Estará fisicamente capaz? Se estiver, é uma opção válida.
Daniel Bragança – Que não seja o novo Chico Geraldes, mas sim o novo Hugo Viana. Não precisa de ler Saramago nos treinos. Basta que faça a diferença com a bola nos pés e o jogo na cabeça.
Wendel – Traz alta rotação à equipa. Titular, se continuar a evoluir.
Miguel Luís – Não deve ter espaço. É de emprestar a um clube da Liga.
Bruno Fernandes – Dono e senhor do universo 2.0, se ficar. Mas como pode um gajo destes ficar é que eu não sei.


Extremos



Diaby – Espero que seja vendido. Mais alguns trocos para se fazer, disfarçando a hipotética falta de uma grande venda.
Acuña – Agressividade positiva, polivalência e um sempre bem-vindo feitiozinho de merda.
Rafael Camacho – Veloz e afoito no 1x1, será muito importante como extremo e como ala num sistema de 3 centrais.
Gonzalo Plata – Terá já arcaboiço para chegar, ver e vencer? Ou vai andar entre os sub-23 e a primeira equipa? Muitas dúvidas. Entre ele e os dois seguintes, algum ficará no plantel.
Jovane – Ter golo e ser tão rápido diferencia-o dos demais. Mas tem muitas carências a nível técnico e tático, a concorrência vai apertar e a permanência no plantel é improvável.
Matheus Pereira – Se quiser, tem lugar no plantel. Se não quiser, temos aqui dinheiro em caixa garantido. Milhão a milhão, vai-se preparando o terreno para que alguém mais importante não saia (Acuña, por exemplo).
Raphinha – Tem tudo para fazer uma grande temporada.


Avançados


Vietto – Conseguirá adaptar-se às ideias de Keizer ou terá de ser a equipa a adaptar-se a ele, enquanto falso 9? Se se investiu tanto nele é para ser titular. Cheira a 4-4-2.
Luiz Phellype – Que continue a marcar golos da maneira que acabou a época passada. Opção válida para o ataque.
Bas Dost – Não me chocava que fosse vendido por bom dinheiro, caso assegurássemos um bom substituto, com um perfil diferente - goleador mas mais associativo em campo. Em 4-4-2 não serve. Mas é o Bas Dost. Tê-lo é bom. Vale muitos golos. E sempre ouvimos AC/DC em Alvalade.
Gelson Dala – Tem mais futebol do que muitos acreditam. Curioso para ver de que maneira se poderá impor num possível 4-4-2, como alternativa ao Vietto.


+ 3


Joelson, Eduardo Quaresma e Nuno Mendes: fazem o estágio e vão jogar entre os juniores e os sub-23, espero que mais neste escalão. Para o ano que vem falamos.

segunda-feira, 17 de junho de 2019

Sebastián


Quando nos aproximámos do Miradouro da Graça nem dei pelo Sebastíán. Debruçado sobre Lisboa, consolei brevemente os olhos, há mais de meio ano que não visitava um dos miradouros da cidade grande, e ainda passou 1 ou 2 minutos até me aperceber que atrás de mim estava um rapaz de costas para uma parede, encolhido sobre a sua guitarra, a tocar estilo homem-orquestra.

O Sebastíán tinha o boné virado para trás, barba de uma semana, era magrinho e a sua voz anunciava-o dono de uma sensibilidade que em nada condizia com a figura. Uma espécie de Conan Osíris mais deste mundo. Cantava baixo, muito baixinho, mas a voz era cristalina, percebia-se cada palavra e a forma sentida como ele as pronunciava. Se fechássemos os olhos para ouvir melhor, conseguiríamos discernir «I Could change the world», o Sebastián cantava Eric Clapton, a seguir passou para a «Blackbird», uma versão mais dele do que dos Beatles, e antes de desatar a correr ao lado do elétrico que iria apanhar mais à frente, terminou com um tema bonito que imaginei ser mesmo dele, uma coisa assim de menos a mais, utilizando as pistas do equipamento de gravação que ia levando para confecionar em camadas o seu bolinho musical.

Quando acabou de tocar, deixei cair umas moedas na caixa da guitarra dele e fiquei a saber-lhe o nome. O Sebastián era argentino e estava há dois meses em Portugal. Já tinha visitado o Algarve, por isso não se surpreendeu quando lhe disse que a Fátima e eu vivíamos lá e estávamos a regressar só por um fim de semana à cidade onde morávamos até há meio ano. Radiante com a partilha, o Sebastián contou-nos que esteve em «Quarteira, Albufeira e, claro, Faro».

Não percebi o «claro».

quinta-feira, 6 de junho de 2019

Talvez

  
Talvez em Lisboa haja o direito a ser melancólico. Pode-se ter 20 ou 30 anos e ouvir música clássica, é normal, muito do que não pode ser previsto acontece desde que saímos de casa, o bom e o mau aparecem em força, misturam-se num sentimento mestiço que ao fim do dia nos molda num certo jeito de não estar alegre, sem estar propriamente triste, se o olhar está cansado também é sereno, o dia acabou e o tempo que foi para os outros passa a ser, enfim, para nós.

Em Lisboa temos de estar preparados para lidar com muitas coisas que não controlamos, é a chuva e a distância, é o trânsito e a distância, é o metro e a distância - e é normal que um gajo se sinta assim, dá-lhe para ouvir música clássica porque, de alguma forma, a música clássica é a resposta a essa distância, mas em coisa boa, na procura da paz vagamente perturbadora que a solidão de uma cidade grande traz.

Tenho saudades de ir à Cinemateca ver um filme francês ou italiano, um filme antigo, intenso, que dizia tudo sem dizer nada, ir num dia de folga, sem preocupações, leve, leve e ficar a pensar naquilo no caminho para o metro, com as peças do puzzle a montarem-se devagarinho, com alguma dificuldade, na minha cabeça aérea, muito por conta dos comentários do João Bénard da Costa aos filmes, reunidos em folhas A4, que apanhávamos numa mesinha à entrada da sala, ou à saída, sei lá. Sinto falta do toque de chamada para o início dos filmes na Cinemateca - ser chamado pela Judy Garland para entrar num lugar sobre o arco-íris não é a mesma coisa que olhar para as horas no telemóvel e perceber que está na hora de entrar na sala porque o filme vai começar. 

E o Rui que precisa de escrever - não se escreve só por se gostar, é preciso precisar - também sente falta desse Rui, ou então não, nada serve de desculpa e talvez sejam só estas dores nos rins e a perspetiva de que num ápice tudo se esvai que me dá para isto de recuperar a beleza das coisas.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2019

Beirut: o Zach "desromantizou a parada"


Hoje ouvi um disco do início ao fim. Foi mesmo assim: pu-lo a tocar, despenhei-me no sofá e não fiz mais porra nenhuma enquanto ouvia aquilo, oferta da minha Cleópatra, que concorda em não trocar prendas comigo no dia dos namorados e à noite aparece-me com um disco novo.

Parece coisa de malandro: em pleno 2019 um homem chega a casa depois do trabalho, dá uma corrida, toma um banho e estica-se no sofá a ouvir um disco. As músicas todas, 12, que lata! Tanta coisa para me ocupar e, qual quê, pura e simplesmente oiço um disco. Já não há respeito pelo multitasking. Isto já não devia estar para horas vagas, somos feitos para trabalhar, até parece mal, ainda alguém fica a saber, e depois, o que vão as pessoas pensar?

Um disco. Pff.

Já agora, é o novo dos Beirut, que, de início, parece recuperar alguma da energia do início da carreira deles, faz-de-conta-que-estamos-num-casamento-nos-Balcãs-e-vamos-beber-até-cair-para-o-lado-e-cantar-em-coro-por-cima-de-trompetes-cavaquinhos-e-serpentinas-que-a-vida-são-dois-dias, mas o Zach Condon já não tem 19 anos e, à medida que o disco avança, transparece a ideia de que o nosso amigo já passou por umas coisas e tem outro tipo de histórias para contar que não propriamente as de uma noite de festa, o que pode ser aferido logo por alguns dos títulos das músicas do disco - aludem a morte, exílio, maldições e fim.

Como li na caixa de comentários do vídeo desta Landslide, que é ocupada quase na totalidade por brasileiros - acontece com qualquer música dos Beirut ,- o Zach "desromantizou a parada".

Há algum experimentalismo pop por aqui, mas pouco convicto, como se se fizesse outra coisa só para não se fazer a mesma. Gosto muito da música número 2, Gallipoli, que dá título ao disco, aquele crescendo até ao refrão instrumental é um clássico instantâneo da banda; outras há de fazer encolher os ombros, como a bossanovazinha mal amanhada da número 7, "Corfu" - o guitarrista lembra aquela malta, tipo eu, que, quando era puto, só sabia tocar um acorde e, à falta de melhor, tocava-o com mais afinco para me fazer ouvir mais alto, evocando o que poderia ter sido uma evolução, sem o ser.

"Divertida" já não pode ser a forma como resumimos a música dos Beirut. Vamos ter de nos acostumar ao piloto automático melancólico que ouvimos nesta Landslide e noutras que tais. Entranhá-lo pode levar o seu tempo.