"The only people for me are the mad ones, the ones who are mad to live, mad to talk, mad to be saved, desirous of everything at the same time, the ones who never yawn or say a commonplace thing but burn, burn, burn like fabulous yellow roman candles exploding like spiders across the stars." J. Kerouac
domingo, 2 de maio de 2010
O triunfo do futebol
Uma coisa é o nosso clube de infância, aquele que nos ensinaram a gostar sem travões, pelo qual tudo dizemos e fazemos na medida do descontrolo e que tem a capacidade de estragar ou tornar perfeito o que, de contrário, poderia muito bem vir a tornar-se no mais comum dos dias. Só a vitória interessa-me nos jogos desse clube, no meu caso o Sporting – também o Portimonense -, ainda que a equipa maltrate a bola: há uma ligação irracional e no fim do dia só os resultados valem. Resumindo: só perco o sono se não ganhar. Mas se calhar tenho pesadelos. Feios.
Adepto de um futebol criativo – no sentido da criação, oposto ao destrutivo - que tenha a baliza adversária como prioridade, praticado por uma equipa com identidade, solidária, em que os interesses do colectivo se sobrepõem aos individuais, tendo a não dar tanto valor aos resultados no que às demais equipas diz respeito. Amo a modalidade acima dos números. Depois há o Barcelona, que nos últimos tempos a tem tornado irresistível ao conjugar as duas coisas em completa sintonia. Conquistou-me, claro.
Assim regressamos ao jogo de quarta feira: apesar da expulsão patética do Motta, arrancada pelo mau actor Busquets, que deixou os rapazes treinados pelo Zé Mourinho em inferioridade numérica com uma hora de jogo pela frente, a passagem do Inter à final da Liga dos Campeões apenas empobreceu o futebol. Os adeptos do clube e os fãs incondicionais do Mourinho decerto discordarão, mas tenho para mim que uma equipa desinteressada da baliza contrária, que entra e sai de campo só para estacionar à frente da própria baliza - 30 minutos com 11 jogadores, 60 minutos com dez - e impedir a outra de jogar, bem, essa pratica qualquer coisa que decerto terá um nome, mas futebol não é de certeza. Os resultados não podem ser tudo. Digo eu. Aquilo envergonha o futebol. Torna-o mais feio. Descolorido. Castrador. (A decisão catalã de ligar o sistema de rega para evitar a festa italiana em campo após o apito final também entra neste esquema).
72 horas depois, o Barcelona respondeu ao ferrolho épico e lamentavelmente eficaz do Inter com uma goleada por 4-1 ao Villareal. O título espanhol está mais perto. Mas a notícia mais importante é esta: voltou a dar gozo ver futebol. Observar o rosto do amarelinho Santi Cazorla, ali do lado esquerdo da imagem em cima publicada, enquanto o genial Xavi corre pelo relvado a festejar o golo de livre que acabara de marcar – na altura o 2-0 -, é a prova acabada disso mesmo.
p.s: há quase três anos conheci um miúdo italiano num comboio nocturno entre nice e florença. Era louco por futebol, nomeadamente pelo Cristiano Ronaldo, coisa que vim a estranhar depois de ter ouvido isto: “Eu e os meus amigos estamos sempre a jogar à bola lá na rua. Todos queremos ser defesas”.
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