quinta-feira, 4 de julho de 2013

03:07

Um casal discute aos gritos na minha rua, no calor da noite - calma, portistas. Não demora muito até aparecer a polícia. (Alguém a chamou, compreendo). Dois agentes entram no prédio devido depois de deixarem o carro parado no meio da estrada com os quatro piscas e a sirene azul ligados. Chega um taxi que no banco de trás transporta uma passageira que tem mais que fazer. Já não oiço o casal; passo a ouvir a passageira. Segundo percebo, não aceita ter o caminho barrado. Um, dois, três minutos. O taxista apalpa a buzina. Não há sinal dos polícias. Quatro, cinco minutos. Buzina de novo apalpada. Seis, sete minutos. Os dois agentes da polícia lá saem do prédio devido e dirigem-se para o carro. A passageira do taxi abre a porta à passagem dos polícias e deixa-os com os ouvidos a arder. 

"Vou ter de pagar mais porque o vosso carro estava no meio do caminho!", queixa-se, com voz de poucos amigos.

O polícia condutor tenta acalmar a passageira. "Se a senhora precisasse de ajuda também gostaria que fossemos rápidos a acudir." 

Erro: ainda ouviu mais. Acto contínuo, o agente baixou as orelhas, escondeu-se no carro, meteu a primeira e seguiu caminho, ladeado pelo colega. Vi o carro da polícia afastar-se com a sirene azul ligada, logo seguido do taxi em cujo banco de trás a passageira gesticulava como um especialista em mímica que pretende traduzir o discurso da Teresa Guilherme num dia mau.

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