"The only people for me are the mad ones, the ones who are mad to live, mad to talk, mad to be saved, desirous of everything at the same time, the ones who never yawn or say a commonplace thing but burn, burn, burn like fabulous yellow roman candles exploding like spiders across the stars." J. Kerouac
terça-feira, 12 de abril de 2011
Reflexão pré-aniversário
Esta música besuntou a minha infância. Era pouco cool, eu, cabelo à tigela, cara de cu e bryan adams, mas agora já aprendi a controlar a pulsação, ya, nada me surpreende, é na boa, tudo na boa, sou um intelectual progressista e pavoneio-me por aí com a altivez moralmente inatacável do esquerdismo, ya man, umas mocas controladas, deixo o carro em casa, sou responsável, faço pela vida, subo degraus, lcd soundsystem, cinemateca, incógnito, os sixties adoptados, tranquilo, ya, like, lol, mas em 93 andava a ouvir isto em vinil, adoptando aquela batata frita da agulha no disco como o preliminar de uma queca olímpica, e em 94 era considerado um prodígio da bola, e em 95 descobri o ciúme, e em 96 não me lembro, mas agora sei tudo, ya, ai sou tão bom sou muito bom sou sempre a abrir, já sei trocar lâmpadas e lavar a roupa, domino a arte do engano e mexo os ombros nas discotecas, eu, que não calço sapatos, eu, que não sou desses, eu, que vou a festivais de música e junto a minha voz à dos revoltados e choro nos refrões dos Arcade Fire porque é o mais parecido que existe com isso de acabar o mundo. Cozo esparguete e arroz com mestria. Cumprimento com firmeza, mas educação. Louvo a oferta. Faço números. Censuro a estupidez. Conheço as feridas e as fadas e as fodas - "siga, em que prisão acordamos?"
"Ai a tua barba pica."
Pouco ou nada resta do que fez parte da minha infância. Os amigos viram-se trocados, a família ficou longe, os golos esquecidos na memória bebida, as paixões convertidas em lembranças fantasmagóricas - (quase) tudo, afinal, descartável. Isto vai custar: (quase tudo) substituível. Deixem-me dizer algo sobre o tempo: é um mãos leves desavergonhado. Devia ir a tribunal, acusado de nos carcomer as estruturas nas quais nos seguramos todos os dias. Formiguinha térmita pequenina filha da puta.
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9 comentários:
Ah, você...
clap clap clap, grande post!
awwww
então parabens.
Adorei! Simples directo e (nada) despretensioso...LOLOL
Parabéns. Fez-me sorrir!
Boa noite
J.C.
Então obrigado pelo carinho dispensado a este post de chuva e trovoada e beijinhos.
Também sou desse tempo :)
Talvez ja venha tarde, mas espero que tenhas tido um aniversário estrelado
Abraço
Lindo, muito bom!
Lembro-me de ouvir Aerosmith quando fui para o Portimonense, por isso há um grande probabilidade de ter ouvido antes de te conhecer...que viagem que fiz agora!!!
Pedro
e pa. bom bom. do principio ao fim.
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