sábado, 7 de janeiro de 2012

Um amor grave

O amor deles não é um standard de jazz, sorrir e estalar os dedos, yeah, um certo bem-estar, não, nunca, é antes uma catástrofe interior, a banda sonora para quem o tempo perdeu a gravidade, o enterro do que um dia foram quando não se tinham, o coro do tudo ou nada dirigido por um maestro alucinado, o requiem do verdi.

Ela virou-lhe a vida do avesso. O Woody Allen faria o Woody Allen dizer que aquelas hormonas deviam ser usadas pelo Pentágono como arma química. Ele é o que ela precisa e nunca teve: um domador de cavalos sem voz. Há um preço: mais do que a voz, ele perdeu o controlo de si próprio. Ela é tudo. Prazer? Urgência. Sensível como só as mulheres, ela leu o des(equilíbrio) e recomeçou a partir daí. Ela diz, ele reage. Bem. É a única lei – ao primeiro desvio ela rasga as vestes. A bem de ambos. Do (des)equilíbrio. Num mundo perfeito ter-se-iam conhecido no elevador para a reunião dos alcoólicos anónimos, bêbados, rumo ao andar errado. Vão resistir.

11 comentários:

Paula disse...

Adoro este requiem já ouvi ao vivo e é fascinante

Catarina disse...

Admiro quando alguém é capaz de contar uma história em poucas palavras, não é difícil escrever muito, difícil é escrever pouco e dizer mundo!

Em dois parágrafos vivi essa história de Um amor grave, por completo por inteiro, dos dois parágrafos extraí para mim (que a interpretação de quem lê, é própria, pessoal e intransmissível!) situações completas de um amor intenso, pois mulheres com essa personalidade, são chatas de aturar e com feitios complicados, mas intensas onde têm de ser (pelo menos eu penso que seja assim!)... Nele vejo uma personalidade forte, qual domador de cavalos selvagens, e ao mesmo tempo uma paciência, uma serenidade e uma capacidade para amar difícil de encontrar!

A banda sonora está muito bem escolhida, pelo menos o trecho que ouvi, traduz precisamente um amor grave!

Beijinho* Bom fim de semana no teu castelo na Escócia!*

Pink Poison disse...

Dizer o quê? Fantástico um amor e a sempre altiva sensibilidade feminina! Um beijo

Rui Coelho disse...

utena: gosto de discutir os gostos, e o teu, arrisco, é bom.

pink: as mulheres são de uma violência interior fascinante.

Catarina disse...

O meu comentário não foi publicado... Disse algo de errado?*

Rui Coelho disse...

oi? não reparei em qualquer comentário teu catarina, deve ter havido algum problema de alto teor tecnológico! Mas temos livro de reclamações.

Rui Coelho disse...

(Estava ali perdido no hotmail, já publiquei. As tuas palavras são muito precisas, fizeste a leitura correcta*).

Catarina disse...

Ainda bem que falei... Andei uns dias a pensar se me queixava ou não... Podias não ter publicado porque não gostar de algo que tivesse dito. Também tenho comentários que me desagradam e muito que não publico...

Ana disse...

andaste a ver a o anything else do woody allen?

Rui Coelho disse...

aquela citação é desse filme, sim ;)

Ana Roman disse...

Como pude ficar tanto tempo longe do teu castelo?!
Ok, aqui me tens de regresso!
Bjowss