Tenho um problema com filmes de comédia que não me fazem rir. A Gaiola Dourada não me fez rir. Tenho um problema com a Gaiola Dourada.
A ideia com que fico, depois de ver o filme português mais badalado desde as fitas caseiras de um arquitecto com especial queda pela profundidade, é que o Ruben Alves se perdeu ao querer fazer de tudo um pouco. Em vez de realizar uma comédia realmente cómica, ou de um drama mesmo dramático, quis agradar a toda a gente e acabou a meio caminho de coisa nenhuma.
(E depois há aquela incrível falta de bom gosto de incluir em várias cenas adereços alusivos ao clube mais emblemático de Carnide, e de mais nenhum clube português, como se não houvesse sportinguistas por aí, em Agosto, que comecem as frases com 'bonjour!' e terminem num ruidoso 'porra!').
Até que é bem esgalhado, o retrato do português emigrado em França. A história central tem razão de ser e é bem ligada. Só que a dada altura o nosso Ruben deixa-se levar pelas emoções - o filme é dedicado aos pais, eles próprios emigrantes em França, o que talvez explique muita coisa - e transforma a Gaiola Dourada numa espécie de peça de teatro de revista meio aborrecida, com saudade a mais e malandrice a menos. Se há momentos memoráveis no filme, são os mais tensos, e isso não pode dizer grande coisa de um filme classificado como comédia.
Ocorreu-me, à saída do cinema, sobretudo pela forma como o filme acaba, que a malta da Revista do Boa Esperança de Portimão faria bem melhor.
Sem comentários:
Enviar um comentário