Este foi o ano em que me tornei menos egoísta. Em que respeitei mais os outros. Em que passei mais vezes a perna às minhas ignorantes certezas. Em que passei mais tempo com a família. Com os meus.
Este foi o ano em que mais vezes joguei a mão ao pescoço dos meus medos. É incrível o que consegues quando te propões a fazer algo e dás o que tens. Este foi o ano em que percebi que a vontade de ser melhor para mim me torna mais apto a ser melhor para os outros. É contagiante, e convém: ninguém pediu para nascer, mas estamos todos metidos nisto.
Este foi o ano em que percebi que não sou uma ilha por viver num só corpo. Que não sou especial por ter os olhos verdes. Que o Mundo não me deve nada, nem está contra mim. Que de nada me serve meter cara de peido e queixar-me da má sorte. Que nada vai mudar, zero, se eu não fizer por isso.
Este foi o ano em que compreendi que só temos uma certeza - um pouco chata, diga-se. De resto, se excluirmos o que não podemos controlar, percebi que grande parte do que nos acontece é escolha nossa. É sempre bom imaginar isto como uma viagem no tempo, a revienga que o Jesse deu à Celine para a convencer a passear com ele por Viena no Before Sunrise. Uma viagem no tempo, portanto: é imaginar que daqui a 20 anos surge a hipótese de recuarmos no tempo e mudarmos o que nos tornou naquilo que não gostamos. E aconteceu: aqui estamos, 20 anos antes. Temos mais uma hipótese. Agora é connosco.
Entrem no ano novo com os dois pés, a única maneira de entrar. Vemo-nos amanhã no Macdonald's.
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