Sugestão de acompanhamento musical:
Anthropolgy – Bud Powell Trio
Hoje foi um dia tremendo.
Abri os olhos cedo, precocemente frustrado por quase me ter lembrado dos sonhos que construira até então e plenamente convencido que era cedo. O relógio indicava 16h00 - “merda, faltei ao curso com o que engano tudo e todos sob o signo de fazer algo da minha vida até Janeiro”.
Como de costume Chiado e as minhas pernas arrastaram-me para a FNAC, onde assisti a uma conferência sobre escrita humorística; convidados brasileiros e esse génio da parvoíce chamado Nuno Markl: aprendi finalmente, (tinha os sentidos ávidos de educação) que a língua brasileira tem muito mais piada que a nossa. Ainda assim, o Markl é que sabe.
Foi grávido de fome que, ao 3º dia, terminei de consumir “Os “Subterrâneos” – mas com dois de intervalo, o que me chumba - e perdi aproximadamente 87 minutos para escolher algo onde gastar dinheiro. O voto caíu no “Legendary Town Hall Concert” de Charlie Parker e Dizzy Gillespie – Kerouac fará “tum tum tum tum tum” nas estrelas – e em “O Poço e o Pêndulo”, título taciturno-medonho de Edgar Allan Poe. Com um aspecto escanzelado e olhar de vagabundo anémico, cheguei a casa e devorei enlatados com muito vinagre e alguma (pouca) salada.
Ultimamente ando a consumir vinagre em quantidades psiquiátricas.
Entretanto o pessoal cá de casa celebrava a vida a jogar ténis virtual, ao que me fechei no quarto com bebop e um digestivo.
Lufada de ar fesco neste azedume claustrofóbico.
No final do concerto, durante o qual não fiz rigorosamente nada senão beber e tum tum tum com o pé esquerdo, atirei o “Barbeiro de Sevilha” para dentro do leitor de CD`s com a ingenuidade de tentar perceber o fascínio e estiquei-me na minha cama range-tudo a ler Poe; assim que a ópera adormeceu, virei para a “Mensagem”.
Deus, o mar (Deus), o céu (Deus), D. Sebastião (Deus), os Descobrimentos (com D grande), o Mostrengo (humm...), a pátria (D. Sebastião, Deus), o mar (Deus). Acabei de ser Pessoa há 10 minutos.
Eu disse tentar perceber.
Rui Coelho
Anthropolgy – Bud Powell Trio
Hoje foi um dia tremendo.
Abri os olhos cedo, precocemente frustrado por quase me ter lembrado dos sonhos que construira até então e plenamente convencido que era cedo. O relógio indicava 16h00 - “merda, faltei ao curso com o que engano tudo e todos sob o signo de fazer algo da minha vida até Janeiro”.
Como de costume Chiado e as minhas pernas arrastaram-me para a FNAC, onde assisti a uma conferência sobre escrita humorística; convidados brasileiros e esse génio da parvoíce chamado Nuno Markl: aprendi finalmente, (tinha os sentidos ávidos de educação) que a língua brasileira tem muito mais piada que a nossa. Ainda assim, o Markl é que sabe.
Foi grávido de fome que, ao 3º dia, terminei de consumir “Os “Subterrâneos” – mas com dois de intervalo, o que me chumba - e perdi aproximadamente 87 minutos para escolher algo onde gastar dinheiro. O voto caíu no “Legendary Town Hall Concert” de Charlie Parker e Dizzy Gillespie – Kerouac fará “tum tum tum tum tum” nas estrelas – e em “O Poço e o Pêndulo”, título taciturno-medonho de Edgar Allan Poe. Com um aspecto escanzelado e olhar de vagabundo anémico, cheguei a casa e devorei enlatados com muito vinagre e alguma (pouca) salada.
Ultimamente ando a consumir vinagre em quantidades psiquiátricas.
Entretanto o pessoal cá de casa celebrava a vida a jogar ténis virtual, ao que me fechei no quarto com bebop e um digestivo.
Lufada de ar fesco neste azedume claustrofóbico.
No final do concerto, durante o qual não fiz rigorosamente nada senão beber e tum tum tum com o pé esquerdo, atirei o “Barbeiro de Sevilha” para dentro do leitor de CD`s com a ingenuidade de tentar perceber o fascínio e estiquei-me na minha cama range-tudo a ler Poe; assim que a ópera adormeceu, virei para a “Mensagem”.
Deus, o mar (Deus), o céu (Deus), D. Sebastião (Deus), os Descobrimentos (com D grande), o Mostrengo (humm...), a pátria (D. Sebastião, Deus), o mar (Deus). Acabei de ser Pessoa há 10 minutos.
Eu disse tentar perceber.
Rui Coelho
5 comentários:
O texto em si não vou sequer tentar comentar (qualquer coisa que eu diga ficará cinzenta no pano geral da tua escrita...), mas Rui "perdi 87 horas"?!? Tens que descontar deste assustador OITENTA E SETE duas horas (pelo menos) que sacrificaste em nome do cafezinho com a tua camarada bolchevique Muyukovski!
O vinagre é um dos meus abusos quotidianos! =)
Beijinhos
Há uns anos, talvez quando comecei o curso, comprei um poezinho. Armada em espertalhona, pensei - vou comprar em inglês porque os autores devem ser lidos na língua em que escrevem. Aposto que ler Eça em Francês é muito mais insonso que em Português. Comprei, então, as Selected Tales de Poe. Não passei da primeira página.
Finalmente, chegou o blog pelo qual todos esperávamos! Urra!
Grandes influências essas: Parker, Gillespie, Pessoa, Kerouac. Só podem vir coisas boas daqui.
Prometo visitar este cantinho de loucura alucinada, assim que a Netcabo decidir pôr as minhas facturas em dia (ou seja, daqui a dez anos).
Abraço
LOL Mas que ruizzz! Muito bom, ó castelos da viding
uma das perolas de la nuestra sociedad. afinfa-lhe ruizao, e como se nao houvesse amanha! um grande e forte abraco
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