
Há tanto de inofensivo numa lista pessoal de melhores discos de cada ano como no bafo da Amy Whinehouse ao acordar. Ainda assim:
1. Cut Copy (Melbourne, AUS) – In Ghost ColoursMúsica de levantar voo, para se ouvir no carro a caminho da festa, e na festa. Ponte belíssima entre rock e sintetizadores pop dos anos 80; canção a canção, só melhora. Um triunfo com eco semelhante ao dos britânicos Klaxons em 2007, e o consagrado "Myths Of The Near Future". Até o nome da banda, que já tinha um disco editado em 2004, tem tudo a ver com o estarmos aqui, e agora.
2. Vampire Weekend (NY, EUA) – Vampire WeekendMeninos de aspecto lavado, com um pé na curvilínea pop africana e outro no punk-rock à desgarrada. Por eles engolimos pó durante uma hora, a 10 de Julho, quando se estrearam em Portugal na tenda do Optimus Alive! 08, dia um. Dá para ouvir o albúm de estreia num só fôlego se entrarmos na estação de metro Amadora-Este e sairmos na do Oriente. E de tal forma esses 40 minutos passam num instante que, olhem, já passaram.
3. Los Campesinos! (Cardiff, GB) – Hold on now, Youngster… Aqui celebra-se a separação de ego e juventude num festim tal que ninguém vai ter tempo de se lembrar da idade ou dos sinais de pontuação do sistema ortográfico porque aquilo que a malta destes tempos verdadeiramente quer é rock pujante com sininhos.
4. Ra Ra Riot (NY, EUA) – The Rhumb LinePercussão nervosa, a fazer lembrar a batida cardíaca de “Boxer”, dos National, à qual se junta uma espantosa sociedade entre violino e violencelo; puro deleite barroco, não aconselhável a pessimistas.
5. MGMT (NY, EUA) – Oracular SpectacularSonoridade andrógina, exemplo pródigo da geração myspace que tudo funde em prol do caminho para nenhures, rodeado de flores e substâncias psicotrópicas, onde tudo vai bem.
6. dEUS (Antuérpia, BEL) – Vantage PointAlta-costura, discreta, que não comove de entrada, finíssima, menos ruído de cordas elétricas a conduzir os temas, uma velocidade a menos: assim vai o último disco destes belgas, um daqueles à antiga; vai-se gostando cada vez mais, aos poucos, até nos apercebermos que só lhe demos tempo porque cá dentro já há território marcado.
7. The Kills (Londres, GB) – Midnight BoomRock n’ roll, baby.
8. Coldplay (Lon, GB) – Viva la Vida or Death and all his Friends(É certo que cada canção tem o seu piano a entar de mansinho, depois a voz em falsete debaixo dos lençóis para ninguém ouvir, junta-se a bateria, seguida de um coro de estádio, a coisa vai crescendo, progressiva, até à grande explosão, e depois regressa aos poucos, a planar, como quem vem da festa - mas, que diabo, estes tipos são mesmo bons).
9. Silver Jews (Tennessee, EUA) – Lookout Mountain, Lookout SeaDavid Berman ensina ao menino e à menina como ironizar o coração: por vezes dá jeito. Guitarra acústica em punho, dispara histórias sobre o folclore norte-americano e ra-ta-ta-ta, tudo rendido.
10. Yeasayer (NY, EUA) – All our CymbalsSonoridade tribal, a descer, lenta, do imenso espaço. 2080 é uma das músicas do ano.
----------------------------------------------------------------------------------
10 melhores da Uncut:1. Portishead – Third
2. Fleet Foxes - Fleet Foxes
3. TV On The Radio - Dear Science
4. Bon Iver - For Emma, Forever Ago
5. Vampire Weekend - Vampire Weekend
6. Elbow - The Seldom Seen Kid
7. Neon Neon - Stainless Style
8. Nick Cave & The Bad Seeds - Dig!!! Lazarus, Dig!!!
9. Kings Of Leon - Only By The Night
10. Paul Weller - 22 Dreams
10 melhores da Blitz:1. Portishead - Third
2. Hercules and Love Affair - Hercules and Love Affair
3. Silver Jews - Lookout Mountain, Lookout Sea
4. TV On The Radio - Dear Science
5. The Kills - Midnight Boom
6. MGMT - Oracular Spectacular
7. Vampire Weekend - Vampire Weekend
8. American Music Club - The Golden Age
9. Bon Iver - For Emma, Forever Ago
10. Erykah Badu - New Amerykah: Part One (4th World War).
Créditos: o senhor picasso é o maior.