quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Um Castelo na Escócia Record Awards 2008


Há tanto de inofensivo numa lista pessoal de melhores discos de cada ano como no bafo da Amy Whinehouse ao acordar. Ainda assim:

1. Cut Copy (Melbourne, AUS) – In Ghost Colours
Música de levantar voo, para se ouvir no carro a caminho da festa, e na festa. Ponte belíssima entre rock e sintetizadores pop dos anos 80; canção a canção, só melhora. Um triunfo com eco semelhante ao dos britânicos Klaxons em 2007, e o consagrado "Myths Of The Near Future". Até o nome da banda, que já tinha um disco editado em 2004, tem tudo a ver com o estarmos aqui, e agora.

2. Vampire Weekend (NY, EUA) – Vampire Weekend
Meninos de aspecto lavado, com um pé na curvilínea pop africana e outro no punk-rock à desgarrada. Por eles engolimos pó durante uma hora, a 10 de Julho, quando se estrearam em Portugal na tenda do Optimus Alive! 08, dia um. Dá para ouvir o albúm de estreia num só fôlego se entrarmos na estação de metro Amadora-Este e sairmos na do Oriente. E de tal forma esses 40 minutos passam num instante que, olhem, já passaram.

3. Los Campesinos! (Cardiff, GB) – Hold on now, Youngster…
Aqui celebra-se a separação de ego e juventude num festim tal que ninguém vai ter tempo de se lembrar da idade ou dos sinais de pontuação do sistema ortográfico porque aquilo que a malta destes tempos verdadeiramente quer é rock pujante com sininhos.

4. Ra Ra Riot (NY, EUA) – The Rhumb Line
Percussão nervosa, a fazer lembrar a batida cardíaca de “Boxer”, dos National, à qual se junta uma espantosa sociedade entre violino e violencelo; puro deleite barroco, não aconselhável a pessimistas.

5. MGMT (NY, EUA) – Oracular Spectacular
Sonoridade andrógina, exemplo pródigo da geração myspace que tudo funde em prol do caminho para nenhures, rodeado de flores e substâncias psicotrópicas, onde tudo vai bem.

6. dEUS (Antuérpia, BEL) – Vantage Point
Alta-costura, discreta, que não comove de entrada, finíssima, menos ruído de cordas elétricas a conduzir os temas, uma velocidade a menos: assim vai o último disco destes belgas, um daqueles à antiga; vai-se gostando cada vez mais, aos poucos, até nos apercebermos que só lhe demos tempo porque cá dentro já há território marcado.

7. The Kills (Londres, GB) – Midnight Boom
Rock n’ roll, baby.

8. Coldplay (Lon, GB) – Viva la Vida or Death and all his Friends
(É certo que cada canção tem o seu piano a entar de mansinho, depois a voz em falsete debaixo dos lençóis para ninguém ouvir, junta-se a bateria, seguida de um coro de estádio, a coisa vai crescendo, progressiva, até à grande explosão, e depois regressa aos poucos, a planar, como quem vem da festa - mas, que diabo, estes tipos são mesmo bons).

9. Silver Jews (Tennessee, EUA) – Lookout Mountain, Lookout Sea
David Berman ensina ao menino e à menina como ironizar o coração: por vezes dá jeito. Guitarra acústica em punho, dispara histórias sobre o folclore norte-americano e ra-ta-ta-ta, tudo rendido.

10. Yeasayer (NY, EUA) – All our Cymbals
Sonoridade tribal, a descer, lenta, do imenso espaço. 2080 é uma das músicas do ano.

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10 melhores da Uncut:
1. Portishead – Third
2. Fleet Foxes - Fleet Foxes
3. TV On The Radio - Dear Science
4. Bon Iver - For Emma, Forever Ago
5. Vampire Weekend - Vampire Weekend
6. Elbow - The Seldom Seen Kid
7. Neon Neon - Stainless Style
8. Nick Cave & The Bad Seeds - Dig!!! Lazarus, Dig!!!
9. Kings Of Leon - Only By The Night
10. Paul Weller - 22 Dreams


10 melhores da Blitz:
1. Portishead - Third
2. Hercules and Love Affair - Hercules and Love Affair
3. Silver Jews - Lookout Mountain, Lookout Sea
4. TV On The Radio - Dear Science
5. The Kills - Midnight Boom
6. MGMT - Oracular Spectacular
7. Vampire Weekend - Vampire Weekend
8. American Music Club - The Golden Age
9. Bon Iver - For Emma, Forever Ago
10. Erykah Badu - New Amerykah: Part One (4th World War).

Créditos: o senhor picasso é o maior.

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