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Até há um par de anos tinha um beatle favorito: o McCartney. Foi ele a compor a Blackbird e isso bastava-me. Do Harrison e do Ringo pouco sabia. Pareciam-me peças decorativas, injecções de normalidade na melhor banda que já existiu, comuns mortais como tu e eu. Menorizei-lhes o talento. Reduzi-os ao grande rebanho. Mereço arder no inferno.
Do Lennon alimentei a ideia de ter sido o génio criativo da banda, mas nunca lhe perdoei o facto de ter permitido que uma japonesa de olhar sinistro lhe tivesse desfeito todos os laços. Primeiro os afectivos (fim do casamento com Cynthia, a primeira mulher), depois os profissionais (fim dos Beatles). Esta última rotura é que me lixa. Qualquer coisa como aquilo que um amigo meu prevê que irá acontecer com a nossa amizade. “Vamos chatear-nos por causa de uma mulher”, repete-me.
Hoje, analisando por exemplo o Abbey Road, tenho para mim que as canções do Lennon são as mais afiadas
as do McCartney as mais dramáticas, as que aspiram a ser gloriosas
as do Harrison as mais belas
e as poucas do Ringo as mais descontraídas, deixam-te de bem com a vida
E deixei de ter um beatle favorito. Agora são todos.
4 comentários:
eu não me lembrava da existência do ringo até ver o filme "500 days of summer"
Eu cresci a ouvir beatles devido ao facto dos meus pais estarem sempre a ouvir aquele famoso "white algum".
Depois, pelos 15 anos, não podia dizer a ninguém que gostava de beatles. quem é que gosta de beatles aos 15 anos hoje em dia?!!
Deixei de ouvir desde então.
nunca é tarde para regressar(es) aos beatles. são os melhores. para mim, pelo menos.
bom, ao menos falaste da Blackbird! ahahha estas perdoado! sinal que tens optimo gosto.
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