Vladimiro, por Platon (Time) |
Quando não está a aprovar a chacina do regime sírio ao próprio povo perante a comunidade internacional, ou a mandar prender e, como dizer, matar empresários e jornalistas, é bem provável que o vladimiro possa ser encontrado na sibéria a caçar baleias em vias de extinção ou a enfrentar ursos. Convenhamos: o homem mete respeitinho, que é bonito - o respeito -, e o autor desta fotografia bem o sabe. Trata-se do famoso Platon, que chorou baba e ranho para a poder tirar quando a Time fez do ex-espião do KGB "Homem do Ano” em 2007. A história, aqui (texto), ou ali (vídeo).
O pior da política são mesmo os políticos e a Rússia é um exemplo fiel disso mesmo. Ali tudo se resume a lealdades mafiosas, acordos de circunstância feitos por uma minoria de homens que controla o poder. Uma orgulhosa oligarquia de bandidos. Cada eleição é um espectáculo circense, e, tal como na Sibéria, em contacto com a vida selvagem, o próprio vladimiro já se sente intocável quando lhe pedem para comentar as milhares de denúncias de fraude registadas nas recentes legislativas, além do silenciamento das vozes incómodas através de incontáveis dentenções. “São clichés...”, diz o bicho, um homem que dobra frigideiras, como se quer.
O vladimiro já era primeiro-ministro e foi agora reeleito, mas também já tinha sido presidente por oito anos (2000-2008) e sê-lo-á talvez outros 12 – é candidato oficial desde terça-feira e, muito a propósito, o Medvedev, fantoche político com quem vai trocando de cadeira, alterou a duração dos mandatos presidenciais prevista na constituição de quatro para seis anos. Deste modo, o mais certo é que o vladimiro ocupe o cadeirão da presidência até 2024, governando durante um total de 20 anos. Mais, no Kremlin, só o Estaline (31).
À frente dos destinos da Rússia está um homem que sabe o que faz. Eu é que não percebo os russos. Como recentemente comentava o meu amigo PRR, que volta aqui a ser citado sem o saber, "não sei o que será preciso para compreender o ser-se russo".
4 comentários:
Hmmm... ao começar a ler este post se não visse a foto do Vladimiro iria jurar que estavas a falar da China, mas afinal era sobre a Rússia.
Repudio mandatos "eternos" mas é preciso entender algo que nem tu nem eu estamos totalmente habilitados a fazê-lo, a história e a cultura russa, relativamente distinta das europeias. O Vladimiro tem o pulso que tem porque no seio daquele país transcontinental existem demasiados focos de tensão, de ordem política, étnica, religiosa, etc e talvez esse povo ainda não esteja preparado para uma democracia ao estilo europeu.
O que é feito na Russia é feito em todo o lado, especialmente na China, mas desses ninguém gosta de falar porque há imenso interesse económico por trás e eles ainda têm muitos amigos partidários na Europa que ainda acreditam nos ensinamentos do "santo" Mao e até o Tibete passou a ser assunto tabu, longe de qualquer foco de atenção e o genocídio étnico e cultural daquele povo não merece qualquer atenção. Se fossem "muslos" toda a comunicação social e opinião pública já se teriam comovido e os incentivado à revolta. Sendo a Rússia, tão próxima da Europa, é um problema e um perigo ter um vizinho com uma democracia daquelas mas a verdade é que não consta que a Russia do Vladimiro (ou dos anteriores) tenha alguma vez pedido ajuda ao FMI, que tenha alguma vez sido vassala de Bruxelas, ou de qualquer outro país, ao contrário de todas as democracias mal-paridas do sul da Europa que já lá foram ao pote do dinheiro e dos juros várias vezes e que continuam a minguar por mais migalhas.
A conclusão do meu raciocínio vai exactamente por aí: não os percebo, e não sei o que será preciso para perceber um povo que aceita reprimir as próprias liberdades fundamentais – de opinião, por exemplo – para ser liderado por um corrupto destes. Claro que as eleições lá são uma farsa, já há vídeos na net a comprová-lo relativamente às últimas, mas ainda assim há quem vote nele. É um país muito complexo. Fascina por isso. Eu nunca votaria em alguém que silencia opositores e até jornalistas, matando-os, mas isso sou eu que vivo demasiado longe dessa realidade. Talvez indo lá, vendo de perto os snipers de que o Platon fala (belíssima entrevista com ele, na qual até diz que foi uma referência aos Beatles que desarmou o vladimiro) e a problemática convivência entre povos tão diferentes e tão carregados de ódio. Um empregado nosso no algarve é russo e fala da malta do kosovo como se fossem animais selvagens. Todos eles. É uma realidade que de certa forma desconhecemos há muitos anos, no ocidente, pelo menos desde 1995 quando os balcãs respiraram um bocado. Mas sim, as democracias do sul da Europa também não são exemplo. No limite, e nem acredito que estou a escrever isto, a oligarquia russa é mais coerente: é, pelo menos, o que parece. Já por estes lados somos liderados por gente – troika – que não foi eleita por nós, que não responde perante ninguém, e achamos que vivemos com liberdade. Temo o que virá. É em caldeirões destes que se cozeram as grandes bestas do século XX.
Parece-me que a D. Clinton não gostou ou ele não gostou dos americanos...Terem opinião! Esse homem não vale nada para mim, desde que deixou a tripulação do submarino Kursk morrer por não aceitar ajuda...
inventar e responsabilizar um inimigo externo para esconder as maroscas internas é uma manobra de diversão que o kremlin nunca dispensará... bem, não só o kremlin, na verdade.
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