Não é a morena que mora ao fundo da minha rua, a que frequenta a esplanada aqui de baixo, não é ela, a que aparece todos os dias por volta das 19:00 e senta-se a beber uma coca-cola enquanto desfolha o Correio da Manhã com a pressa do desinteresse, não é ela, a que faz sotaque ruidoso para que a leia do jeito que ela quer, depois de ela me ter lido do jeito que eu quis;
Não é a que me faz sentir seguro, bem, a do sorriso traquina, que fecha os olhos quando sorri, de bons caprichos, mimosa, próxima, interessada por tanto ao ponto de balbuciar qualquer música que lhe agrade, ainda que não a conheça - não pelo faz de conta, mas pela aprendizagem instantânea;
Não é a do olhar infinitamente triste, que grita socorro ao contrário, para dentro, a que se alimenta da ideia de que já é tarde, e de tanto acreditar na tristeza nela cristalizou;
Não é a dos olhos negros, crípticos - na verdade disfarçados, porque em lava -, deslocados, a da voluntária pelos pequenos encantos, a que procura outras respostas e acredita que o coração prevalece;
Não é a que foge do conforto e da lógica, a que tem pânico do que para trás fica e cortando a eito a todos derrete, a que nunca se irá defender do que não conhece, a da imparável força de viver que gera admiradores amargos e amores eternos.
Não.
3 comentários:
Eita, Ruizito!
Tem o coração nas pontas dos dedos!
Beijo,
J.
Très jolie!
Estou sem palavras... Tocar e teclar são sinónimos? :)
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