O disco Pink Moon é o terceiro e último acto da tragédia de Nick Drake, o rapaz que, uma de duas, morreu a tentar matar-se ou levou longe de mais o esforço de sobreviver (sucumbiu a anti-depressivos). Nick era bom no que fazia, como agora se sabe, mas demasiado tímido. Mau a olhar nos olhos, não funcionava ao vivo. Um desastre mesmo. Nem entrevistas dava - há registo de uma, para esquecer.
Em 1969 fez nascer 'I was made to love magic', tema que aparece em compilações depois da sua morte (1974), mas antes do sucesso. A letra diz, 'I was made to love magic/I was born to sail away/Into a land of forever".
Desengane-se quem pensar que a carreira de Nick se parece com a de outros artistas que gozaram de sucesso póstumo: o do britânico apareceu, sim, mas uma vida depois. Literalmente. Se morrer tão cedo (26 anos) e de forma tão triste não foi suficiente para o público ficar curioso sobre o que o músico tinha para cantar, isso aconteceu no virar do milénio passado, dezembro de 1999, à boleia de... um anúncio publicitário. O bom gosto foi da Volkswagen, que promoveu o (então) novo Cabriolet ao som do tema-título do último álbum de Nick Drake, Pink Moon. O vídeo também ajuda: é todo ele magia e mistério, e hoje o spot da vida de muita gente, como se percebe pela caixa de comentários.
Nesta tragédia de ironias, Nick Drake vendeu mais discos num mês de exposição pelo anúncio da Volkswagen do que em 26 anos de vida. E então sim, voou para todo o lado, para sempre, como um dia quis.
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