"The only people for me are the mad ones, the ones who are mad to live, mad to talk, mad to be saved, desirous of everything at the same time, the ones who never yawn or say a commonplace thing but burn, burn, burn like fabulous yellow roman candles exploding like spiders across the stars." J. Kerouac
segunda-feira, 25 de agosto de 2008
“Nem todos podem ser domadores de leões”
Lawrence da Arábia, de David Lean (1962)
De domador de leões, T.E.Lawrence tinha pouco: era insolente na decisão, esquivo ao método, demasiado ginasta - assim o tinha a coroa britânica – no pensamento; repescava-se a vulnerabilidade e o encanto. Estes traços causavam o seu incómodo nos rigorosos eixos do Império, de modo que providenciou-se enviar os seus olhos de vidro para Meca. Intuito: “avaliar a situação”.
“Vai ser muito divertido”, prognosticou o coronel Lawrence (ou El Laurens, como os árabes lhe tratariam), ao receber o anúncio de que teria 12 semanas para prosseguir a sua missão na Península da Arábia. Consumido pela ideia do deserto, Lawrence, 27 anos de enciclopédicos conhecimentos com passagem de honra em Oxford, deixou-se ir. O deserto tornar-se-ia no seu parque de diversões privado. Assim foi, pelo menos por algum, pouco, tempo; aquele que se esgotou quando Lawrence (Peter O’Toole - O Último Imperador, 1987) conheceu a morte.
Não a sua, nem a que se constituia enquanto forma de diálogo predilecta entre tribos nativas, mas a que só não banhou com sangue as suas mãos porque foi anunciada com disparos, seis, de um revólver por si empunhado. Ao erudito estudante de Oxford, chegado à Arábia para brincar às 1001 revoluções, sucederá uma outra pessoa, de olhar preso no horizonte longínquo, guerreiro tresloucado que ceifa o turco-otomano que mexe - rumo à grande glória do nada -, esmagado entre a febre da novidade e o majestoso disparate chamado guerra.
Filme de aventuras obrigatório para a boa saúde da espécie humana, realizado por David Lean (Doutor Jivago, 1965) a partir da verídica empresa realizada por um inglês que, chamemos-lhe exótico, ousou saltar da carruagem colonialista entre Guerras; vemo-lo acabar, sem temperatura, numa cena inicial que o prostra após um acidente de motorizada, aos pés de um patriotismo espectral, porque não cumprido.
"Lawrence da Arábia" recomenda-se especialmente a pessoas com belos desvios patológicos na massa idiota, respire esta folgada ou sob penosos espartilhos. Sugestão: observá-lo atentamente numa madrugada de serviço público, entre a 01h30 e as 05h00 da manhã, com o despertador a ladrar o emprego às 07h00.
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