"It annoys me how pretty my voice is... how polite it can sound when perhaps what i'm singing is deeply acidic." Thom Yorke
Faz hoje quarenta anos que a pálpebra esquerda do Thom Yorke abriu menos do que era suposto. Quarenta anos de uma voz naturalmente irritante, entre o tenor e o falsete, que nos arromba num jorro descontrolado de lamentos fantasmagóricos a vestir letras com mais dúvidas que certezas. Quarenta anos que pensaram discos à frente dos Radiohead - a carreira a solo produziu o solitário e moderadamente aclamado "The Eraser" (2006) - que são obras da vida de muito navegador de águas imprecisas, como "The Bends" (1995) ou "OK Computer" (1997); desarmante benção colectiva ao rock como expressão artística sem fronteiras, ou preconceitos de género.
Hoje, ao abrir o email, recebi o regresso dos Depeche Mode a Portugal, mais precisamente na varanda nortenha do SBSR. Agora é esconder-me ali nos lençóis e esperar que, amanhã ou depois, ao acordar, leve em cheio com o retorno de outro grupo de bifes: um que é liderado por alguém que hoje – fácil se torna imaginá-lo – terá bebido tanto que se arrastou oficial e directamente do sexto para o oitavo dia de Outubro.
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