
Não deverá haver muitas amostras quotidianas por aí com mais cinema para oferecer do que uma turma de liceu, em Paris, onde convivem miudos de 13 a 15 anos oriundos do Mali, China, Marrocos, e até de França.
“Entre Muros” - ou, da forma mais objectiva que, por cá, nos conseguimos lembrar, “A Turma” – deverá ter começado a distanciar-se da concorrência na corrida à Palma de Ouro 2008, que ganhou, no instante em que o realizador Laurent Cantet se lembrou que a realidade imita mesmo a ficção - tantas vezes à descarada -, e que já havia sido escrita a história que, nessa lógica, lhe interessava adaptar para cinema: a que vem redigida no homónimo “Entre les Murs”, livro onde o professor, jornalista e escritor François Begaudeau relata a sua experiência a leccionar numa escola multiétnica parisiense.
Ideia luminosa: Cantet convidou Begaudeau a fazer de Professor Begaudeau, e deu-lhe a gerir uma turma de carne e osso que, por sua vez, também se vestiu de si mesma enquanto era filmada para montagem futura. Trata-se de uma vertiginosa crónica da Europa contemporânea, entre quatro paredes - metáfora com pele de uma França que, já lembra o Chico Buarque, deixará de ver nascer franceses não miscigenados mais cedo que tarde, pelo que melhor será que nos entendamos. (quem achar isto fácil que atire o primeiro calhau).
2 comentários:
grande filme!
Está tão bom.
Enviar um comentário