sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Cinema (também) é música

Muito do que gostamos num filme se deve ao poder das músicas que aqui e ali caem quando devem cair, como frutos maduros, é o imenso poder da relação som-imagem a revelar-se, poder esse apenas superado pelo admirável mundo da nossa imaginação. Um violino, uma guitarra na cena certa - eis potencialmente especial um filme vulgar. (Ainda não consegui perceber se o contrário também é lei).

Claro que há excepções, Sherlock: os filmes sem música. Mas a primeira recordação que guardo de muitos dos filmes que tiveram em mim um impacto avassalador é a da respectiva banda sonora, quase sempre apta a deixar um algarvio como eu num estado emocional constrangedor.

O piano do "Piano", facilmente um dos meus filmes top-10, não tem comparação. Venha quem vier. É lancinante cada tecla batida pelo Michael Nyman, tudo a obedecer a um título perfeito - 'The heart asks pleasure first'. SIM. 


A beleza melancólica do cinema do Wong kar-wai atinge o seu máximo esplendor neste 'In The Mood for Love', especialmente nesta cena, com este violino a pingar de cio.


O tema de Lara, que passa 578.938 vezes no maravilhoso Doutor Jivago.


Closer, cena de entrada irresistível num filme com alguns dos melhores-piores diálogos na história das relações ficcionadas, um pedaço de mau caminho no qual, por má sorte, viciei-me, que faz mal à saúde, que não aconselho a ninguém - somos assim tão maus uns com os outros?


Não aceito, não papo grupos sobre o Gran Torino - a grandeza do filme tem tudo a ver com a música-título ao piano do Jamie Cullum. Vá, e com aquele final aterrador.


Último, mas não menos importante, uma proposta que vocês não podem recusar.

6 comentários:

nadia disse...

A primeira e a última bandas sonoras são as minhas favoritas. O Piano é o filme mais 'frio' e triste que já vi, encho 1 garrafão de lágrimas se o vir/ouvir.

Se esta lista fosse minha, acrescentava isto: http://www.youtube.com/watch?v=p5FvpgiRqB0, O Paciente Inglês. Para mim a melhor banda sonora de sempre e o mais bonito filme de sempre. Encho 3 garrafões **

Rui Coelho disse...

O frio também queima, Nádia - foi isso que senti quando vi o Piano. A lista podia ser gigante, mas achei justo postar o que imediatamente me veio à memória. É muito marcante essa do Paciente Inglês, embora por algum motivo nunca tenha ficado agarrado ao filme como, digamos, o resto da população mundial.

Acho também que a culpa é minha, nunca o vi no cinema ou com todos os meus sentidos entregues.

A rever*

aToM disse...

Eu por mim ficava-me com o Ennio Morricone daquele último Sergio Leoni: "Once Upon a Time in America"...

Um abraço

Rui Coelho disse...

My friend, fuuuck, long time no see, no nada! tás bem?

honestamente, assim de repente, não conheço essa flauta nem o filme. Vou para o inferno, presumo.

()

Anónimo disse...

The heart asks pleasure first,
And then excuse from pain.
And then those little anodynes
That deaden suffering.

que escolhas, pa.
o piano e o in the mood estarão sempre num plano inviolável.
músicas que ressoam para sempre.

Rui Coelho disse...

há para aí um estudo que diz que o prazer que sentimos ao ouvir música - da boa, presumo - está relacionado com a libertação de dopamina no cérebro.

Pudera.

*