"The only people for me are the mad ones, the ones who are mad to live, mad to talk, mad to be saved, desirous of everything at the same time, the ones who never yawn or say a commonplace thing but burn, burn, burn like fabulous yellow roman candles exploding like spiders across the stars." J. Kerouac
quinta-feira, 27 de agosto de 2009
É sempre de ouvir em repeat # 40, 41 e 42
jj é doce ao primeiro ao contacto. Há um EP do bicho. E ninguém sabe quem o bicho é.
Estas teclas perseguem-me o dia todo, e podia agora mesmo fazer uma analogia com melgas, dada a perseguição, mas não faria grande sentido porque, enfim, até a bióloga mais querida se deve sentir realizada quando esmaga uma.
Pela amostra, muito cuidadinho com o novo disco do projecto com o melhor nome do mundo, e arredores. (Agradecimentos ao oráculo do costume).
terça-feira, 25 de agosto de 2009
Volta ao Minho, dia três
segunda-feira, 24 de agosto de 2009
Volta ao Minho, dia dois
09:30 é muito cedo para mim. Quem também se orientar por um horário de trabalho de vampiro que se sente ao meu lado. Daí que me tenha sido doloroso o despertar do corpo, não tanto o da mente, quando o telemóvel chateou. (O telemóvel é uma dor no rabo, diriam os ingleses). Destino: Castelo do Neiva. Um intenso fedor a estrume recebeu-nos antes da chegada a um areal quase deserto. O exacto oposto do que foram 12 dias no Algarve. O equilíbrio desejado - dispensava era o perfume. Castelo do Neiva. Para outros lados não se podia, observou a voz da razão. A areia naquela zona é mais espessa do que aquela a que me habituei, mas nem por isso notei diferenças quanto à temperatura da água. Esperava um ataque furioso de lâminas afiadas e eis que se mergulhava sem especial dor. De passagem por casa para um almocinho light - salada e douradinhos - depressa partimos para Viana do Castelo rumo à Citroen. Para quem nunca valorizou especialmente o potencial de sedução desta empresa, aqui fica a minha sugestão: roda batida para a oficina de Viana e mãos em baixo quando se depararem com o cartaz que se encontra estrategicamente afixado na parte de dentro do vidro de um dos escritórios de atendimento, com o que interessa virado para fora. Depois fechem os olhos e sintam a coisa. Feita a revisão ao carro, seguimos viagem para uma caracolada. A ideia inicial era rumar até à casa de pasto Os Telhadinhos, em Ponte de Lima, onde a ementa nos acena com iguarias tão irresistíveis como fodinhas quentes (pataniscas de bacalhau), mentirosos (bolinhos de bacalhau que, é certo e sabido, têm mais batata do que bacalhau) e, claro, corninhos de marcha lenta (caracóis), mas ficámo-nos ali perto, por Viana, no Diplomático. A condizer com o nome, o Diplomático tem empregados extremamente correctos, mas a cozinheira fala pelos cotovelos. Quando esta reparou que a Célia, namorada do Ricardo, não estava a dar o palito à corda tantas vezes quanto isso, veio até junto de nós para saber os motivos de tamanha timidez. Até estou a comer bastante, replicou a Célia, apontando para os três ou quatro caracóis vazios que já tinha espalhado pela loiça. A Célia não gosta de caracóis. Três ou quatro era mesmo um (justificado) elogio. Deixámos o horizonte engolir o sol na companhia de dois amigos do Ricardo: o Manuel Iglesias, que lutava com muita droga previamente prescrita contra uma infecção no estômago, não podendo por isso beber durante três meses, e o amigo discreto, de aspecto nórdico, que era mesmo discreto, de modo que nada sei dele. De seguida, arroz de cabidela. Não dá para comer assim a coisa com arroz normal? Aquela pasta de sangue, só de pensar.. dá, não dá? Deu. Gente boa. Misturei-o só com o molho da carne, para não ficar tão branquinho, pelo menos, a destoar tanto. E o vinho, bem, o vinho estava divinal, como sempre, mas menos fresco, o que se nota. Alvarinho, salvo erro, tal como no jantar da última noite, já na típica localidade de Chão, Paredes de Coura, Cruzes Credo, onde tudo acaba. Antes houve copo e paleio em Viana do Castelo, num bar que eu pedi que fosse de rock e vá que tinha reggae, e olha que bem fixe, algumas horas de sono e a visita possível ao Gerês, em contra-relógio. Aviso do Ricardo: amanhã é para levantar cedo. Cedo?, desesperei. Mas, mas, cedo até que ponto?
sexta-feira, 21 de agosto de 2009
Volta ao Minho, dia um
quarta-feira, 19 de agosto de 2009
1692
A maresia cumpre com nota máxima o seu papel de despertador mais eficaz de Portimão. Diferente de outras cidades, onde este odor é elogiado - 'ah!, o cheiro a maresia'.. -, na minha tem o fedor acumulado de casca de banana a viver há quatro dias num cestinho do lixo com aquele que deve emanar dos cadáveres em decomposição. Na madrugada de 13 de Agosto anunciou-se pelas janelas abertas da cidade antes da alvorada, pilhando o sono a quem ainda o procurava ou, verdadeiramente, nunca o teve. Para o que esta história interessa, eu, menino, que nunca prego olho antes de viajar a menos que me canse à séria, entro no grupo dos primeiros. Do meu quarto, na minha cama, revirando-me numa noite de calor demoníaco, cheirou-me a ataque químico. Um exagero sem explicação, à medida de tudo o que por ali mexe em Agosto. Como hoje a conheço, a maresia de Portimão pode muito bem justificar o temperamento neolítico dos que por estes dias chegam à cidade. É um fedor de enlouquecer, que não se pode, e que me dá ideias sobre uma chegada a Nápoles depois de ler o Gomorra, do Roberto Saviano. Como tenho por hábito fugir da cidade nesta altura do ano - faço-o desde 2006 -, encurtei as minhas férias em família e apontei para norte. Horas antes, na minha última refeição das férias em Portimão, jantei num refúgio ali a uns 20 quilómetros serra dentro. Paragem: Caldas de Monchique. A resposta ideal para quem chega ao Algarve em busca de sossego. Era o meu caso, depois de 12 noites e poucos dias. Situadas no coração da serra, a cinco quilómetros de Monchique, as Caldas são a única estância termal do Algarve. Ali o cheiro é outro: vegetação, ar puro. Diz-se que por ali mora a maior magnólia da Europa, e eu, claro, esqueço-me sempre de a procurar. Come-se, bebe-se e paga-se bem no restaurante 1692, que deve o nome aos primeiros registos de utilização pública daquela água termal. Quando o tempo ajuda é na esplanada que se deve jantar. De entrada atropelámos um queijinho amanteigado daqueles que só na serra. De saída foi à bruta: pão com chouriço caseiro, genuíno. Dá-se o caso de que, em certas casas, não demasiadas, o pão com chouriço tem mesmo chouriço. E sabe a chouriço. Pelo meio demorei-me num bife à portuguesa que me esqueci de fotografar, e para o empurrar socorri-me de um Quintas do Douro, very white, de 2007. No fim uma amêndoa amarga - sem limão, por favor, que eu gosto mesmo é de como a amêndoa sabe. Para o fim, a cereja: sessão de cinema ao ar livre - é a lei às quartas-feiras (quartas-feiras ou quarta-feiras?) de tempo simpático. Desta vez passou o Vicky Cristina Barcelona, do Woody Allen, a partir das 21:30. Houve quem, acto contínuo, travasse a sua refeição a meio para assistir ao filme. Podiam atrasar a projecção uma meia horita, rendia mais, digo eu. Bottom line: recomendadíssimo.
terça-feira, 18 de agosto de 2009
Vou contar-vos uma história de amor
Para quem desconhece, a melosa é uma das melhores coisas que o Algarve algarvio tem para oferecer, naturalmente a seguir ao convívio com a minha avó, a Vivi. Juntar as duas entre dois dedos de conversa na digestão de uma refeição foi, até ao último dia 10, um dos meus objectivos mais dignos de vida por realizar. Concretizei-o, entretanto, por ocasião do jantar de aniversário do meu irmão. Como a conheço, a melosa nasceu na serra de Monchique, sabe bem que se farta, bate que é bonito e, last but not least, deita por terra a mais teimosa das constipações. A preparação é simples: meio litro de água no fogo azul com 500/600 gramas de mel, uma casca de limão e um pau de canela. Quando a mistura ferver contem até mil, sem grandes pressas. Arrefecido o combinado, juntem-lhe meio litro de aguardente de medronho e depressa perceberão o que é bom - estupidamente bom! - para a tosse. Um cálice é óptimo. Dois soa e sabe melhor. Mas a minha avó, que, sabe-se lá como, nasceu ali para os lados de Olhão há mais de 82 anos e não fazia a mais pequena ideia do que vinha a ser isso da melosa, virou três depois de se ter encantado com o primeiro - este a pedido da família Coelho. Só pela excitação que lhe causou a primeira investida, a Vivi derrubou pela mesa, ao segundo trago, o que dele sobrava. 'Ai que pena que tive, isto soube-me tão bem', deixou escapar, desolada, ao ver o líquido espalhado na toalha. Refeita do percalço, que o mundo não acabava ali, só parou de virar copinhos quando o dono do restaurante fugiu com a (já levezinha) garrafa para dentro da copa, assustado com a sede dos Coelhos, a quem vinha oferecendo cálices de quando em quando, o que, pareceu-nos, só lhe ficou bem. Até se deitar, pela primeira vez em muito tempo, a minha avó esqueceu-se das dores na coluna que todos os dias a curvam um bocadinho mais. Dormiu bem, acordou melhor e prometemos-lhe a garrafa 'com aquela coisa muito boa' que pediu com o sorriso bobo que tinha quando a coluna não a chateava. O prometido é devido.
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