"The only people for me are the mad ones, the ones who are mad to live, mad to talk, mad to be saved, desirous of everything at the same time, the ones who never yawn or say a commonplace thing but burn, burn, burn like fabulous yellow roman candles exploding like spiders across the stars." J. Kerouac
terça-feira, 25 de agosto de 2009
Volta ao Minho, dia três
09:00 é muito cedo para mim, é mesmo, e agora lembrei-me que ela é, ou era, a cara chapada da vocalista dos Texas, lembrei-me do quanto me desorganiza querer colar os calcanhares ao rabo antes de dormir para os primeiros escorregarem lentamente até à posição muito direita do morto, ou o mosquito que goza comigo há duas noites sem que o consiga apanhar, daí escrever o relato do terceiro e último dia no Minho já hoje, a ver se o encontro aqui por cima, desprevenido, o cabrão, mais esperto que sei lá o quê. Confiámos no GPS para rumar ao Gerês. Um erro aqui, outro ali, mas foi-nos bem útil. O Ricardo acha que eu me comovo com o óbvio, e tem 97,7% de razão. Uma língua torta de azul límpido entre montanhas e clique, clique - o tolinho age como se nunca tivesse visto tal coisa. 2% dos 2,3 que faltam cabem no cartaz da oficina da Citroen de Viana do Castelo. Os outros 0,3 entram nas lagoas que encontrámos Gerês acima, até à cascata de Portela do Homem, na fronteira. Tão acima que, salvo melhor solução em território português, estacionámos em Espanha, na Serra do Xurês, regressando a pé cerca de um quilómetro ou dois para enfiar a pata nas águas cristalinas, quase frias, do rio Homem. Andar por ali, de rocha em rocha, apenas para ver de perto um rio entre pedregulhos que se despenha numa lagoa é claramente estúpido, tal o perigo - uma miúda espanhola escorregou numa réplica da cascata maior e, bem, ouch! Mas nós, animais extremamente racionais, fazemo-lo à mesma, que só se vive uma vez e aquilo é giro à brava. A estrada que nos levou a Portela do Homem era tão sinuosa, tão íngreme, que arriscámos dar a volta pelas belíssimas estradas galegas rumo a Paredes de Coura, onde, como há um ano, estava agendado novo jantar na casa da família do Sr. Carlos, dono da cervejaria Solar dos Mouros, ali nos primeiros metros da Calçada lisboeta do Poço dos Mouros. Chegámos ao sítio de Chão, onde o Sr. Carlos mora, já com o Sporting a perder com o Nacional. A viagem foi longa, umas duas horas?, e, na verdade, o clube que por estes dias só me dá alegrias esquisitas não precisa de muito tempo para ficar atrás dos outros. O amor é fodido, já diria o MEC. Como na cervejaria, a Dona São, mulher do Sr. Carlos, apostou em fazer churrasco para um regimento de infantaria. Come mais Rui, olha tanta comida. Pois isso vejo eu Dona São, já azul, olhando de ladeiro para o Sr. Carlos, que nunca me deixou ter o copo vazio de Alvarinho verde branco - o suspeito do costume. A Carla, filha, ia para Ponte de Lima ver Daniela Mercury. Com o assentimento do Ricardo, a Célia acha que eu me ando a fazer à mocinha. Não percebo. Seguindo o rasto de Colin McCarlos, já com uma sarda considerável, descemos e subimos e curva contracurva até Sapardos, onde a grande festa anual de Nossa Senhora de Fátima atraía centenas de casais que ali chegavam em carros de matrícula francesa. As mulheres, pintadíssimas; os homens, de patilha fina em diagonal e cruz dourada ao pescoço. Cabeças de um cartaz monocéfalo: Função Publika, pois então. Com vários membros novos, entre os quais um argentino chamado Carla, esta big band teima em arrastar multidões no querido mês de Agosto. Covers de Bombocas, Queen e Roberto Leal fizeram parte de um repertório versátil, como a enumeração adivinha, mas não esgotaram um espectáculo farto em surpresas. "Vamos oferecer uma bengalazinhas cintilantes e uns balõezinhos amarelos de borracha", anunciou, de repente, um membro espanhol da banda, elevado numa plataforma que apareceu no meio do público, tal como em 2008. Porra, pensei, feliz, isto é Portugal! O fogo de artifício que interrompeu a actuação meteu os narizes em sentido e colheu aplausos apoteóticos. E nós, já depois de o Sr. Carlos, escapando à mulher, me ter levado por um braço para beber um último copo, mal sabendo eu, zonzo de tanta coisa junta, que este seria de penálti, voltámos a Antas, Esposende, que havia um comboio para apanhar no Porto pela manhã. Dormi - tentei dormir - quase uma hora sentado, não fosse a bílis tecê-las. Um punhado de horas depois já me encontrava na redacção, sentado em frente a um computador, tac tac tac num domingo sem pessoas. A tradição ainda é o que era.
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1 comentário:
"voltámos às Antas, Esposende,", muito se pode dizer sobre este pequeno apontamento, mas o que mais salta à vista (horrivel esta expressão) é alguma confusão na questão regionalista. Ora bem, "voltar às antas" faz sentido se falamos das antas, no porto, mas não tanto se se fala em Antas, Esposende. S. Paio de Antas, para ser mais preciso. Portanto, "voltamos a Antas, Esposende" seria a forma correcta.
O contrário é o mesmo que dizer que voltamos aos Lagos, Algarve e isso não soa bem.
De resto, foi de facto isto, mais coisa menos coisa, ou ponto menos ponto. Três dias, mas muito intensos e a repetir certamente. Temos apenas de confirmar o dia dos FP em 2010.
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