quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Aconselha-se ao leitor idealista que ataque sem misericórdia o autor deste texto

'jovens saíram à rua contra a idade da reforma (e havia ganza)'
Sofremos com a vulgaridade dos tempos. Não há causas fixes pelas quais lutar. Até a guerra que tivemos foi fria. Uma seca. Aos jovens que por estes dias dominam as manifestações em França contra o governo liderado pelo marido da senhora bruni resta contestar desemprego e precariedade, temas chatos, e fazem-no porque fica bem, não que se trate de um problema que os atinja - a PS3 não escapa -, mas porque consta que a malta saiu ali à rua no Maio de 68 e um dia podem estes ser lembrados por fazer o mesmo. Só fica bem. E uns dias sem aulas é um espectáculo. Lembro-me bem disso.


'intervalo na revolução'
Basta ver as expressões dos jovens nas fotografias que têm saído na imprensa internacional, as expressões dos estudantes preocupadíssimos com o aumento em dois anos da idade da reforma, as expressões e a postura dos jovens junto de carros tombados e a arder e de vidros partidos de lojas de malas e simpatias de espelho. Obviamente que não me refiro a quem verdadeiramente sofre na pele já de crocodilo com esta decisão do governo liderado pelo marido da senhora bruni, não me refiro a quem pensou e tornou possível a greve geral sem imaginar que a mesma se iria tornar numa janela de oportunidade para que animaizinhos sem jaula vandalizassem a ideia que lhe deu razão de ser. Mas os animaizinhos, esses, não me ganhavam nem com tortura de cebola junto aos olhos.

Entretanto...


'deixamos tudo para trás, angela?'


5 comentários:

Anónimo disse...

A violência,a apatia,o desleixo,a festa e a anarquia são as formas de contestação do mundo pós-moderno.

Queria que essa gente fosse toda enviada para uma guerra a sério, a ver se não pediam misericórdia à primeira baixa.

ana disse...

concordo. mas fala quem nunca fez greve.

Rui Coelho disse...

o meu ponto aqui não está na greve em si, que apoiaria, mas aquilo que com ela se faz, aquilo que neste caso se fez.

ouvi na rádio há bocado que a grande maioria das pessoas que estão na rua a queimar carros e a pilhar lojas têm idades entre os 14 e os 18 anos.

não sei quanto a vocês, mas eu aos 14 não iria apedrejar a polícia e queimar pneus de camiões logo que soubesse que o governo queria aumentar a idade da reforma em dois anos.

algo aqui não bate certo.

ana disse...

exacto. digamos que o comportamento dos adolescentes franceses já não tinha boa fama. neste caso, o objectivo é o vandalismo. para tal serviu de desculpa o aumento da idade de reforma.

Hugo Ferreira disse...

Bem temos de distinguir a greve dos noticiários e a verdadeira greve. Destruição e porrada sempre foi bom para audiências e dramatizar qualquer situação.

No entanto não me parece que os jovens dos 14 aos 18 anos, sejam responsáveis pelo bloqueio do fornecimento de combustíveis (que em ultima análise podem congelam um pais) e bloqueio dos serviços mínimos obrigatórios (lei imposta pelo marido da bruni).

Pá já se sabe que grande parte da população jovem em França tem um nivel social baixo. Aproveitam a desculpa para partir mais umas coisas.

Mas a verdadeira greve também está a ser feita.