terça-feira, 28 de julho de 2009

FMM: vinte horas no paraíso

Já as gaivotas se cumprimentavam, trocando novidades junto ao mar, quando, no carro, sem forças, ouvi as últimas palavras do Bob Marley em 'Redemption Song'. Olhei o relógio, 07:30. Parecia a forma perfeita para os esquizofrénicos DJ do Bailarico Sofisticado dizerem, "Xau canalha fixe, voltem para a tenda, ou caravana ou carro ou toalha de praia ou praia sem toalha de praia, xau, durmam como vos for possível depois deste festival maravilhoso, durmam tortos, de lado, de pé, nus, ou aliás como o sol deixar, 'tá cá um bafo, e quando acordarem isto vai parecer tudo um grande sonho, como no cinema, e quando vos perguntarem se foi verdade vocês responderão que de nada se lembram. E será mesmo assim". Como qualquer espertalhão, tomei decisões em menos de nada. Olhei-me no espelho, vi pele de tomate e olheiras gigantes na tentativa frustrada de emprestar alguma majestade ao momento, dei à chave e ataquei 150 quilómetros de sol australiano rumo a Lisboa. Eu e a cerveja enganámo-nos duas vezes no caminho e quase nos deixámos dormir ao volante umas, vá, trinta. Lá cheguei - parecia impossível -, duas horinhas de sono e roda batida para a redacção. Já li por aí que a festa em Sines continuou. (Então era este paraíso que eu andava a perder.)

Melech Mechaya, depois de tostar na praia

Apanhado em flagrante durante a 'Dança do Desprazer' - sempre tive jeito para descobrir o Wally - embora vergonhosamente de braços em baixo, ainda que depois tenha invadido o palco. Vénia a um quinteto que merecia uma avenida inteira mas teve que se contentar com uma plateia de cento e tal pessoas num auditório pequenito e mais uma dezena delas a dançar na rua, espreitando pelo vidro, aquela coisa ali do lado esquerdo.

Bibi Tanga & The Selenites, antes de jantar

Pisava merda de novo.

James Blood Ulmer, depois de jantar

Morninho, a malta queria era parvoíce, não leves a mal.

Alamaailman Vasarat, já meio fora

Jazz e heavy-metal a copular como dois coelhos famintos.

Lee 'Scratch' Perry, todo fora

Era preciso bêr o mestre. Bêr. 73 anos. Tão bom, tão bom, tão bom.

Speed Caravan, "Onde é que 'tás?; "'Tou aqui!"

Se dúvidas houvesse de que Sines é uma espécie de Meca.

Banho de créditos: Mário Pires

1 comentário:

M. disse...

ainda não foi este ano.