Se não fosse portuguesa seria indígena – transmite verdade quando olha. Morena, quase chilena, bonita como poucas. (Per)segui-a à distância assim que a vi. Perturbava-me tanta luz e queria ser atingido. Quando chegou a hora de a chamar apanhei-a desprevenida. Voltou-se sem hesitar e abri as têmporas de espanto: ainda não consegui tirar os olhos do que vi, do que vejo. Nem tentei. O olhar, sereno, esconde um peito inquieto. Nele cabe o mundo – o peito está preparado; o mundo é melhor que se prepare. Fácil é vê-la perder-se pelo fascínio das coisas. É mais alta por isso: vive dois palmos acima porque frequentemente se eleva com (o) muito (que) (pode) (ser) (o) pouco. Dou por mim encantado por uma menina-mulher. A culpa é dela: um espírito livre, de criança, que de magia vive. Impossível resistir. Quero fazer parte daquela vontade descalça de ser feliz.
7 comentários:
não sei quem te fez os Dedos, mas a selecção natural de certeza que nem se meteu ao barulho, embaraçada
é giro isso de falares ao espelho.
Adorei a última frase... Lindo!
não há muito a inventar: o que desarma tresanda quase sempre a alma nua, tudo exposto*
"O olhar sereno esconde um peito inquieto"... É preciso ser bom observador para detectar falsa tranquilidade!*
não sei se falsa tranquilidade será o termo exacto - é possível ser-se muita coisa ao mesmo tempo. Mas há uns mais ricos por dentro do que outros.
Tanta luz...tanta!
Pessoa de sorte esta. Ficou com a alma clara e transparente para ti.
Parece que consegues ler tão bem nas entrelinhas que até arrisco dizer que vocês se conhecem de outras vidas..
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