
(...)
“Adalberto Asís também tinha conhecido o desespero. Era um gigante bravio que em toda a sua vida tinha posto um colarinho de celulóide uma só vez, durante quinze minutos, para tirar aquele retrato que lhe sobrevivera na mesinha-de-cabeceira. Dizia-se dele que tinha assassinado naquele mesmo quarto um homem que encontrou deitado com a esposa e o tinha enterrado clandestinamente no pátio. A verdade era bem diferente: Adalberto Asís tinha matado com um tiro de espingarda um macaco que surpreendera a masturbar-se na trave do quarto, com os olhos postos na sua esposa enquanto esta mudava de roupa. Tinha morrido quarenta anos mais tarde sem ter podido rectificar a lenda.”
Gabriel García Márquez, in "A horá má: o veneno da madrugada".
Sem comentários:
Enviar um comentário