sábado, 23 de maio de 2009

Smalls

Os sentidos apuram-se: noto, e não é a primeira vez, que as probabilidades de ser acordado em portimão pelo palrar de um pardal são exactamente proporcionais às de, em lisboa, ouvir o meu despertador precocemente substituído por uma sequência interminável de buzinadelas, devidamente acompanhadas por referências às mães dos que estorvam a saída dos carros. As segundas filas dão cabo de mim. Coisa frustrante esta de nada poder fazer quanto a elas. Existem, e é só. Na melhor das hipóteses, em lisboa, sou acordado pelo arrumador de carros da minha rua – “VAI SAIR????” -, cujo tom médio de voz é idêntico ao que deverá ser um grito do Pato Donald quando lhe queimam a cauda. E isso, digo eu, pode ser uma experiência particularmente dolorosa para aqueles que se deitam tarde (3:30) e querem acordar cedo (09:30), mas não tanto (07:30) – faço-o ao sábado para calar os apetites do jogador de futebol fantasma que vive em mim. (Nove anos a dar pontapés na bola é o argumento que encontro). Isto para dizer que vou ficar de consciência bem pesadinha – agora é que a malta se tranca em casa de vez -, mas a mensagem tem de passar: concertos e mais concertos e mais concertos, todos os dias, entre a 00:30 e as 09:00 (hora portuguesa, acho que é isto), no Smalls, um dos clubes de jazz mais consagrados de Nova Iorque. 6 mil quilómetros à distância de um clique. Este.

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