sábado, 2 de maio de 2009

Umm, dois segundos, três vezes

É parecido noutra sala, não me lembro qual, mas falta um detalhe: a breve alavanca dos assentos, aquela que nos desce durante umm, dois segundos e tac, pára na mais-que-perfeita posição para se visionar um filme, apresenta nos Cinemas Londres um barulhinho de porta a ranger em casa abandonada. (pode não ser exactamente assim, mas preciso de um título). Aconteceu três vezes comigo este ano. Eis o meu mini Indie Lisboa 2009.

Green Waters, Mariano de Rosa, Argentina (2009)




Comédia psicótica. Juan é, ou gosta/exige que o vejam como a figura tutelar da família, o Pai, com capitulares. Depois aparece um easy rider de sorriso pepsodent e as meninas da família, encantadas, esquecem as convenções e saltam de olhos fechados para a novidade. Bottom line, papás à antiga: cuidado com as férias em família. Sobretudo se já crescer na vossa filha adolescente o mesmo rabo que a mãe tinha há 20 anos, quando a pediram em namoro. Mariano de Rosa faz questão de nos explicar isso mais do que uma vez.

Dernier Maquis, Rabah Ameur-Zaïmeche, Argélia/França (2008)


Há muito que não ouvia aplausos tão sentidos nos créditos finais de um filme. O patrão fora ao chão minutos antes. Melhor tivesse tratado os trabalhadores, em vez de lhes construir uma mesquista para comer e calarem o salário mínimo, eles, que conviviam no emprego com ratos gigantes. No fim, Ameur-Zaïmeche, que interpreta o patrão, pousa nas mãos do espectador o desenlace: chegará alguém para derrubar as barricadas erguidas no último plano? Ou tomarão os trabalhadores conta da fábrica de paletes? E fazendo-o, haverá consenso nas tarefas de uns e outros, direitos e igualdades respeitados? Lembrar-nos-emos d'O Triunfo dos Porcos? O patrão chama-se Mao. Como é que vai ser?


The Happiest Girl in the World, Rade Jude, Roménia (2008)

Retrato desencantado dos “15 minutos de fama”, espécie de Little Miss Sunshine à romena. “Bebe!, Bebe!, Bebe!”, ordenava, fora de si, o realizador de um anúncio publicitário a uma bebida à protagonista deste, Delia, míuda de outros ritmos que não os de Bucareste, que assumia sem particular furor o papel depois de ter ganho um automóvel pelo envio de cupões. Podia ter corrido melhor. Para ela – nós, espectadores, ríamos o riso dos tontos com tanta trapalhada na rodagem do anúncio e da relação dela com os pais, que a levaram da uma pequena localidade onde viviam rumo à capital. Mais uma fita irresistível na-já-não-tão-nova-quanto-isso vaga de cinema romeno. Ah!, o pai da míuda veste fato e calça sandálias com meias azuis.

2 comentários:

i disse...

hj vou ver o vencedor! estará nesta lista? :P

M. disse...

ahaha é mesmo isso. o ranger das cadeiras e tentar perceber de qual é. ainda no outro dia ri-me com isso. viva viva.
omeu mini indie foi mais mini que o teu. o la belle personne e o doc do mr cash. pro ano ha mais.