quinta-feira, 19 de março de 2009

"Sorte Gaiola"

"Depois de no sábado, Francisco Matias, um jovem de 25 anos ter sido colhido violentamente num treino do Grupo de Forcados de Portalegre, foi confirmada hoje a morte deste forcado que estava internado no Hospital de São José. Francisco Matias não resistiu a um forte traumatismo craneano sofrido enquanto executava uma "sorte gaiola", pega à saída dos curros, num treino do seu Grupo. Mais uma morte sem justificação, num espaço de 20 anos é o sexto forcado que perde a vida. A vida foi curta para Francisco pedimos a Deus pela sua Alma força aos familiares, amigos e Forcados de Portalegre. Passe esta mensagem em homenagem ao Francisco.
Descança em Paz....."

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Chegou hoje à redacção do Castelo esta mensagem de homenagem ao malogrado Francisco Matias. Uma vez que o seu autor ainda não foi capaz de perceber em que parte do texto que redigiu se explica a origem da tragédia - "mais uma morte sem justificação", pode ler-se -, achei por bem lançar a dúvida aos nossos leitores, ficando desde já claro que preferia, evidentemente, não ter de o fazer. O objectivo é o melhor: ter a esperança de que, por alguma feliz coincidência, não se chegue a lamentar a morte de um sétimo forcado.

Isto aconteceu porque ...

A) Deus sentiu que tinha chegado a hora do Francisco.

B) Já tinham morrido cinco forcados sem justificação;

C) O Francisco tentou agarrar um animal de 500 kg que ficara preso num buraco escuro durante horas e, mal se viu em liberdade, ferido pela luz, investiu no primeiro alvo que se lhe deparou.

5 comentários:

Anónimo disse...

E o "descança" com ç....lol...

Pão-de-ló disse...

Boas Rui :)

O Francisco como forcado não tentou enfiar ferro nenhum, quem faz isso são os que fazem o toureio a pé, ou chamados bandarilheiros (porque espetam a bandarilha)

... ele tentou foi "pegar" a vaca numa "sorte de gaiola" que consiste em pegá-la mal ela saia dos curros. Uma imprudência para qualquer um... porque como tu bem explicaste ela sai desenfreada de um túnel depois de ter estado horas num buraco... ou um "treino" para estes grupos de forcados!

É a tradição que temos ...

Ah... eu conhecia o pobre rapaz =/ era da terra do meu avô!

Um abraço []

Pão-de-ló disse...

Não sou contra as touradas pois acompanho desde pequeno este tipo de eventos e sempre tive uma ligação especial com os mesmos... mas há coisas que podiam muito bem ser evitadas com um pouco mais de bom senso/cabeça/respeito/ponderação/etc/etc ...

... e este tipo de acontecimentos podiam ser exemplos disso mesmo!

Rui Coelho disse...

tks pelo esclarecimento, vou já rectificar ali; quanto à ligação especial q tens com as touradas, bem, ñ tenho muito a dizer, ñ estou na tua posição, ainda por cima conhecias o rapaz. lamento que tenha de ser com tragédias destas que as pessoas se ponham a pensar nas parvoíces medievais que se fazem sob a capa do termo tradição, onde ninguém sai melhor do que entrou.

abraço ()

cristina disse...

A este respeito saiu hoje no CM um artigo sinistro assinado pelo inefável Maurício do Vale. Estabelecendo uma ligação inequívoca à religião católica (e mesmo directamente a Deus), MV condena os párocos que, na elegia fúnebre, não enalteceram as condições de forcado do Francisco Matias e do bandarilheiro (deste nem refere o nome, talvez por não ter morrido em serviço) como sendo das grandes coisas que fizeram no mundo. Esquece que o Concílio de Trento condenou inequívoca e violentamente as touradas. "o espectáculo das touradas é indigno de ser visto pelos cristãos" e "com espectáculos desta natureza, mais se ofende a Deus do que se lhe presta culto". Através de bula, o Papa Pio V acrescenta "espectáculos nos quais se correm touros e feras no circo ou na praça pública não têm nada a ver com a piedade e caridade cristãs". E vai mais longe ameaçando com a excomunhão perpétua para os "que ousem confrontar-se com touros e outras feras nos citados espectáculos" e, "se algum dele aí morrer, não se lhe dê sepulutra eclesiástica". Os pobres dos párocos quiseram apenas prestar homenagem aos mortos e às suas famílias sem enaltecer as razões da morte do jovem Francisco nem dar enfoque às incongruências da religião que representam.
Enfim, tentar elevar à condição de herói um rapaz que pega touros em espectáculos é desperdiçar uma oportunidade única de debater seriamente esta questão.