
Como na lista dos discos, também a das canções reúne tudo o que não tenha 2009 metido ao barulho. Essas entram noutras contas.
20. Bright Tomorrow, Fuck Buttons (2008)
Ruído gutural para meninos.
19. The Great Escape, Patrick Watson (2006)
O Patrick senta-se ao piano e o resto deixa de existir.
18. Bros, Panda Bear (2007)
Podia ser um belíssimo EP.
17. Do You Want To, Franz Ferdinand (2005)
Um descontrolo contagiante, talvez destacado no belíssimo repertório dos Franz por ser dos mais tolinhos descontrolos contagiantes. Há muitos e bons. Longa vida à Escócia.
16. The Greatest, Cat Power (2006)
A mulher mais bonita da música fez das músicas mais bonitas que conheço.
15. PJ Harvey & Thom Yorke, This Mess we’re In (2000)
Génio conhece génio e os dois fazem uma canção genial.
14. White Winter Hymnal, Fleet Foxes (2008)
Música de lareira, veste a época e é de uma beleza fantasmagórica – o medo atrai.
13. Crane Wife 3, The Decemberists (2006)
Adorável.
12. Me & Mr. Jones, Amy Whinehouse (2006)
Damn sexy music.
11. Behind the Yashmark, Esbjörn Svensson Trio (2002)
A melhor peça de jazz que ouvi de uma banda que lamentavelmente já não poderemos ver ao vivo, uma vez que o líder morreu este ano, imaginem, a fazer mergulho.
10. Elephant Gun, Beirut (2007)
Celebração à vida.
9. Haiti, Arcade Fire (2004)
Magia.
8. How to Disappear Completely, Radiohead (2000)
Rendo-me, enfim, à bandeira da obra, ainda não consigo é dizer o mesmo da obra - Kid A.
7. Fireworks, Animal Collective (2007)
Como quase tudo aquilo em que o Noah Lennox se mete, primeiro estranha-se, depois faz parte de nós, é a banda sonora de tantos dias. A sensação com que se fica é a de que, quando terminaram esta faixa, os Animal Collective eram uma banda feliz.
6. Blind, Hercules and Love Affair (2008)
Hino dançável da década.
5. Pogo, Digitalism (2007)
Ups, este é que é (o vídeo é que não).
4. The Past is a Grotesc Animal, Of Montreal (2007)
Encomendei um livro vagamente erótico directamente de França por causa disto – 'nough said. Pena é que o YouTube não deixe ouvir tudo, bah.
3. Magick, Klaxons (2007)
O irresistível caos (o vídeo também, não tenho culpa e aliás chove tudo lá fora neste domingo que já não é).
2. Maps, Yeah Yeah Yeahs (2003)
A balada da década, vinda de um trio que até aí nunca tinha tocado a menos de 300 à hora.
1. Last Nite, The Strokes (2001)
Laaaaaaaaaaast niiiiiight!!



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Marginal ao Bairro Alto - rua Poiais de São Bento, 37 - e, verdadeiramente, a tudo o que mexe dentro do género na noite de Lisboa. Há muitos, muitos anos. Para dançar já sabemos como é, como sempre foi: na pista de dança até às 02:00 e depois onde os nossos pés estiverem estacionados, ou para onde nos empurrarem. Deixaram a malta a penar pela rua das cidades/países/continentes do Cais do Sodré durante Agosto, em desespero para que cinco bares-discoteca cumprissem juntos o papel de um, mas isso já lá vai. A porta azul-garagem reabriu. Ontem: Joy Division, The Killers, The Gossip, Editors e por aí fora. Vida eterna ao bigode retorcido do D’artagnan e sua toca profana.
09:30 é muito cedo para mim. Quem também se orientar por um horário de trabalho de vampiro que se sente ao meu lado. Daí que me tenha sido doloroso o despertar do corpo, não tanto o da mente, quando o telemóvel chateou. (O telemóvel é uma dor no rabo, diriam os ingleses). Destino: Castelo do Neiva. Um intenso fedor a estrume recebeu-nos antes da chegada a um areal quase deserto. O exacto oposto do que foram 12 dias no Algarve. O equilíbrio desejado - dispensava era o perfume. Castelo do Neiva. Para outros lados não se podia, observou a voz da razão. A areia naquela zona é mais espessa do que aquela a que me habituei, mas nem por isso notei diferenças quanto à temperatura da água. Esperava um ataque furioso de lâminas afiadas e eis que se mergulhava sem especial dor. De passagem por casa para um almocinho light - salada e douradinhos - depressa partimos para Viana do Castelo rumo à Citroen. Para quem nunca valorizou especialmente o potencial de sedução desta empresa, aqui fica a minha sugestão: roda batida para a oficina de Viana e mãos em baixo quando se depararem com o cartaz que se encontra estrategicamente afixado na parte de dentro do vidro de um dos escritórios de atendimento, com o que interessa virado para fora. Depois fechem os olhos e sintam a coisa. Feita a revisão ao carro, seguimos viagem para uma caracolada. A ideia inicial era rumar até à casa de pasto Os Telhadinhos, em Ponte de Lima, onde a ementa nos acena com iguarias tão irresistíveis como fodinhas quentes (pataniscas de bacalhau), mentirosos (bolinhos de bacalhau que, é certo e sabido, têm mais batata do que bacalhau) e, claro, corninhos de marcha lenta (caracóis), mas ficámo-nos ali perto, por Viana, no Diplomático. A condizer com o nome, o Diplomático tem empregados extremamente correctos, mas a cozinheira fala pelos cotovelos. Quando esta reparou que a Célia, namorada do Ricardo, não estava a dar o palito à corda tantas vezes quanto isso, veio até junto de nós para saber os motivos de tamanha timidez. Até estou a comer bastante, replicou a Célia, apontando para os três ou quatro caracóis vazios que já tinha espalhado pela loiça. A Célia não gosta de caracóis. Três ou quatro era mesmo um (justificado) elogio. Deixámos o horizonte engolir o sol na companhia de dois amigos do Ricardo: o Manuel Iglesias, que lutava com muita droga previamente prescrita contra uma infecção no estômago, não podendo por isso beber durante três meses, e o amigo discreto, de aspecto nórdico, que era mesmo discreto, de modo que nada sei dele. De seguida, arroz de cabidela. Não dá para comer assim a coisa com arroz normal? Aquela pasta de sangue, só de pensar.. dá, não dá? Deu. Gente boa. Misturei-o só com o molho da carne, para não ficar tão branquinho, pelo menos, a destoar tanto. E o vinho, bem, o vinho estava divinal, como sempre, mas menos fresco, o que se nota. Alvarinho, salvo erro, tal como no jantar da última noite, já na típica localidade de Chão, Paredes de Coura, Cruzes Credo, onde tudo acaba. Antes houve copo e paleio em Viana do Castelo, num bar que eu pedi que fosse de rock e vá que tinha reggae, e olha que bem fixe, algumas horas de sono e a visita possível ao Gerês, em contra-relógio. Aviso do Ricardo: amanhã é para levantar cedo. Cedo?, desesperei. Mas, mas, cedo até que ponto?

Já as gaivotas se cumprimentavam, trocando novidades junto ao mar, quando, no carro, sem forças, ouvi as últimas palavras do Bob Marley em 'Redemption Song'. Olhei o relógio, 07:30. Parecia a forma perfeita para os esquizofrénicos DJ do Bailarico Sofisticado dizerem, "Xau canalha fixe, voltem para a tenda, ou caravana ou carro ou toalha de praia ou praia sem toalha de praia, xau, durmam como vos for possível depois deste festival maravilhoso, durmam tortos, de lado, de pé, nus, ou aliás como o sol deixar, 'tá cá um bafo, e quando acordarem isto vai parecer tudo um grande sonho, como no cinema, e quando vos perguntarem se foi verdade vocês responderão que de nada se lembram. E será mesmo assim". Como qualquer espertalhão, tomei decisões em menos de nada. Olhei-me no espelho, vi pele de tomate e olheiras gigantes na tentativa frustrada de emprestar alguma majestade ao momento, dei à chave e ataquei 150 quilómetros de sol australiano rumo a Lisboa. Eu e a cerveja enganámo-nos duas vezes no caminho e quase nos deixámos dormir ao volante umas, vá, trinta. Lá cheguei - parecia impossível -, duas horinhas de sono e roda batida para a redacção. Já li por aí que a festa em Sines continuou. (Então era este paraíso que eu andava a perder.)






Por ter feito anos durante a semana, festejando-os derrubado na cama depois de ter partilhado demasiadas garrafas de rosé com um cliente na véspera, o Nelas convidou a malta para um sábado na vivenda dele, a partir das 13:30. Menu para curar ressaca: piscina, grelhados, minis e mojitos. No que me toca, tinha marcada uma caracolada com o meu irmão para o final dessa tarde, pelo que apostei na primeira e nos últimos, não necessariamente por esta ordem. A noite anterior fora longa, começando numa prova de vinhos que nos custou três euros e acabando a dispersar de uma discoteca em ladies night logo após dois caramelos terem andando à pancada porque um cortejou a matulona que o outro cercara primeiro. Há um acordo tácito nisto da rapinagem em pista de dança: ninguém ataca a mesma 'presa'. O ar pode ser de todos, mas a matulona é minha, reclama aquele que primeiro se insinuar. Não perguntem.